![]() |
||
quarta-feira, novembro 30, 2005 cultos... Tenho de confessar que nunca li nenhum livro do Saramago, por muita pena minha que deve ser genial, ou não seja ele o Mui Nobre Prémio Nobel, mas nunca me apeteceu, embora os tenha mesmo à mão, abrir um e começar a ler. O mesmo não posso dizer deste único, há algum tempo que estou para o adquirir, o titulo parece-me fantástico - "As intermitências da Morte". Espero não me decepcionar. E é essa mesma morte que é um mistério nunca desvendado, motivo tabú para quase toda a população e algo tão complexo como a própria vida. Todos nós sabemos que um dia lá iremos parar, embora não gostemos de falar disso, é certo. Talvez a única certeza que temos, e a que sempre ignoramos. E a ignoramos com prazer, pois deixar este mundo que conhecemos (se é que o deixamos) é algo que abominamos. Mas essa mesma morte, tem requintes deveras próprios que muitas vezes esquecemos. Não a morte em si, mas todo o ritual que se faz, aqui na cultura portuguesa pelo menos, em volta desta. Tenho muita pena de não poder um dia assistir ao meu próprio funeral, as mais belas palavras sobre mim serão ditas nesse dia, tenho a certeza. As pessoas com uma lágrima no olho esquecerão todos os meus defeitos e lembrar-se-ão de todos os meus grandes feitos! Esquecerão o quanto não me amaram enquanto vivos, o quanto não me respeitaram e me acarinharam e lembrar-se-ão dos meus pequenos gestos e como eu era uma pessoa querida. Tenho pena que esta cultura em que me insiro (e que sou vitima - ler devaneio imediatamente abaixo) faça o culto aos mortos e não aos vivos. Ninguém sabe, e acredito que nunca saberão, para onde vamos depois de deixarmos o corpo terrestre, mas mesmo assim não se assume esse facto como certo e se presta mais às pessoas enquanto vivas. E eu, assumo, muitas vezes caio nesse erro, o de não celebrar a vida com quem eu amo, o de não aproveitar os pequenos nadas, o de deixar para amanhã... Tenho mortos comigo que ainda estão vivos, porque os preservo assim, porque há um pedaço de nós que fica sempre com eles, talvez por isso nunca lhes tenha colocado flores, embora não diga que nunca o farei, talvez por isso os recorde diáriamente, e fale deles sem problemas, sem tabús, porque estão vivos comigo,em espirito e em alma. Derramo lágrimas por eles porque não os poderei mais abraçar, porque sinto saudades, mas sei que eles estarão sempre comigo, assim como eu estarei sempre com eles. Nunca procurei uma explicação para a morte, há mistérios que não devemos procurar desvendar... há-de chegar o dia em que os encaramos de frente, e nesse dia ninguém poderá fazer nada por mim... prefiro que me prezem enquanto vivo... assim tento eu fazer com o meu mundo... escrito por Rogério Junior às 02:46. |
Sobre mim Tenho 21 anos. Escrevo por gosto e por necessidade. Acredito nos sonhos e tenho alguns. Sou apaixonado pela Vida e pela Arte. Já escrevi poemas, canções e algumas palavras presas. Escrevo momentos. Alguns em delirio. Nunca editei um livro. Outros devaneios Momentos que leio
Alcomicos Anónimos Momentos anteriores
As pessoas Momentos de outros meses
setembro 2005 Diversos
|