segunda-feira, fevereiro 06, 2006


Fim.

Há palavras que pedem para não ser encadeadas, para não formar frases.
A força do que tentei transmitir expôs-me diversas vezes. Fi-lo espontaneamente, e voltaria a fazê-lo sempre que a (in)consciência me pedisse. Foram pedaços de arte que passei, foram momentos banais, foram palavras com sentimentos, foram sentimentos com palavras. Lá bem no fundo foram apenas pedaços de mim. Não me importei, nunca, com quem me lia, não me importo hoje. Voltaria a escrevê-los. Todos. Da mesma forma. Sempre que sentisse as palavras presas. Sempre. Sinto prazer em escrever, e encontrei no Momento(s)em Delirio a fuga perfeita para a civilização que me sufoca. Não deixo de me sentir sufocado. Mas hoje vou deixar cair este pedacinho do meu mundo... vou deixar cair...

Obrigado a ti que me leste, que enxugaste uma lágrima e agarraste um sorriso, mesmo sem te aperceberes.

Estarei sempre por aí... escrevendo delirios, passos, quedas, pessoas, momentos... procurando o fim do arco-iris...

Fim.
Há momentos que ficam para sempre, para o meu sempre.

escrito por Rogério Junior às 19:29.


domingo, fevereiro 05, 2006


devaneios reais...

Parei por instantes num banco de jardim. os meus companheiros de tarde têm mais do triplo da minha idade, chegaram a um patamar da vida em que não esperam nada. Sentam-se no banco do jardim e ficam parados a olhar a estrada e a outra berma.
Deixa-me tentar mostrar-te em palavras o ambiente. Acreditas que as palavras criam imagens? Tenta acreditar.
O banco é castanho e gélido. O sol bate-lhe mas a madeira quase não aquece. os corpos postrados e encasacados não se movem. Ninguém passa. Quem está deixa-se ficar. A estrada é estreita e de pouco movimento. Como nas aldeias, sabes como é? Um carro aqui, outro mais além. A vista não se prende nesse escasso movimento. Não é suficiente. O banco castanho e gélido virado para a estrada tem outro motivo, e esse é cruel. Talvez demais. Do outro lado só existe uma casa.
A casa é triste e não está pintada. Porque é que é triste? Espera! Deixa-me mostrar-te a casa. Já te disse que não tem cor? Também tem um jardim com duas árvores, daquelas que estão sempre verdes sem precisarem de muitos cuidados. As pessoas que lá habitam não têm muito tempo livre. Pelo menos para o jardim. As vedações são altas e pouco mostram do mundo para além delas. Não são necessárias mas são regras. É uma casa virada para a estrada. E para um banco de jardim, castanho e gélido.
Os meus companheiros de tarde olham com sofrimento para ela. Dariam tudo para não atravessar a estrada, dizem-mo com o olhar. Como os compreendo bem. Deste lado a vida é sempre igual, diz-me um velhote bem vestido que está sentado ao meu lado, mas do outro... não há vida.
São corpos que permanecem, que saem e entram sem alma, sem um motivo para continuarem para o amanhã.
Mas desculpa, estava a descrever-te a casa. É que às vezes perco-me. Já te disse que a casa não tem cor? É um bloco de cimento ladeado de estradas quase desertas, e do lado de dentro da alta vedação não se vê mais que o nada. Por esta altura já deves ter uma idéia da casa que te falo.
Lembras-te de te dizer que o meu companheiro estava bem vestido? É um facto. Eu achei estranho. Não achaste? Pois bem, é simples e ele diz-me o porquê em poucas palavras. O ritual do banco do jardim é rotineiro, todos os dias desde que não chova ele está lá. Sentado. Sem esperar nada nem ninguém. Mas é como completa os dias todos. Por isso se veste bem, porque é o único destino que tem na vida que lhe resta. Embora bastante abatido não o transmite para quem passa. E isso dá-lhe um certo conforto, as pessoas passam indiferentes e não vêm um vagabundo, nem um abandonado. Vêem sim uma pessoa. Uma simples pessoa que parou por instantes para descansar num banco de jardim. Castanho e gélido. Engana-os a todos. Conhecidos e desconhecidos. Fala de futebol e do tempo se lhe fazem perguntas, e depois volta ao silêncio. Porque não tem mais nada. Apenas um olhar triste e vazio para a outra margem. Para a estrada. Para a passadeira. Para a casa.
Já te disse que do outro lado há uma casa sem cor? E disse-te que essa casa tem uma placa com letras garrafais que diz "Lar"? Acho que me tinha esquecido.
Talvez agora compreendas porque é que o meu companheiro e os demais não querem atravessar a estrada.
Conseguiste ver o meu companheiro, a estrada, a casa e o banco, castanho e gélido?
Eu levantei-me agora dele. Voltarei a sentar-me lá para fazer companhia ao meu companheiro. Fazes-me companhia?

escrito por Rogério Junior às 17:53.



arte?


Foto: Rogério Junior

Uma alma não se capta.
Por pouco.
Um olhar não se capta.
Por pouco.
Capta-se um instante.
Cria-se uma memória colectiva de um momento.
Capta-se um brilho especial que roça o infinito.
Cria-se mais um pouco de arte?
Sim, porque não?!

escrito por Rogério Junior às 17:05.


sábado, fevereiro 04, 2006


sem som...

Why don't you stay
I feel lucky today
Give me a change
And i'll show you the way

Oh! let me hold your hand
Please, let your heart beat again

you know i day dream of you
I'm so in love
It's too good to be true

You make me smile
As i look in your eyes
My heart is full
Like my very fist time

It's like i was born again
I just can't say
How happy i am

Oh! let me hold your hand
Please, let your heart beat again...


Rodrigo Leão

escrito por Rogério Junior às 19:00.



pedaços...

Foto: Miguel Costa


"Não é solidão que faz um homem sozinho, é a paz na dor que sei de cor..." (Abrunhosa)

escrito por Rogério Junior às 14:32.



mais um sábado...

Hoje acordei com as estrelas a olhar para mim, privilégio de um céu privado pintado a quatro mãos, o dia já ía longo e fui procurar o Sol enquanto as estrelas não brilhavam. Nem sempre o meu céu é esplendoroso. Turbilhões de pensamentos isolam-me do mundo. Atravesso a rua, o caminho é sempre o mesmo - Um café e cigarros - já não preciso pedir. As caras são sempre as mesmas, os cheiros nauseabundos iguais a ontem e a amanhã. Perco-me por minutos encostado a uma parede qualquer, procurando num céu público essa estrela magnifica que aquece. Tempo perdido sem noção. Agora nada me aquece.
Lembro-me de ti e esqueço-me que para relembrar é preciso ter esquecido. Não esqueci.
Apanho forças numa qualquer folha caida para voltar a casa. Deserta. Sempre deserta. As chaves na mesa fazem sempre o mesmo som, a porta que se fecha e me encerra entre paredes cuidadosamente caíadas, tudo no seu devido lugar confunde-me. Os corredores brancos não me transmitem paz, acordei com um frio gélido em mim. A cabeça que lateja e os dedos amarelos do fumo, vitimas vulgares de uma noite atribulada. Recosto-me num sofá que me parece mais macio, mera ilusão que se desfaz. Hoje nada me satisfaz. Perco e reencontro os sentidos sem sonhar. É nos momentos que paro que me apetece fugir. Por trás de um sonho há sempre um pé no chão. Não me deixo voar. Mais um cigarro que se acende libertando um fumo espesso que não me esconde. Hoje há algo que me ultrapassa. O sol que já se foi. Os corredores que ficaram. Brancos. Frios. Agora nada me aquece.

escrito por Rogério Junior às 13:19.


quinta-feira, fevereiro 02, 2006


musica?

"Durante vários anos os REM não incluíam nas embalagens dos discos as letras das canções, ao contrário do que era quase uma norma instituída. Um dia perguntaram a Michael Stipe as razões dessa omissão: as pessoas, não percebendo todas as palavras, encontravam outras para as substituir, preenchendo os "buracos" das canções com um sentido pessoal que podia não ter nada a ver com o que a letra exacta dizia. E mais, conhecia casos de gente que tinha ficado decepcionada quando tomava contacto com a versão correcta das lyrics de determinada canção: "gostavam mais da canção tal como a imaginavam do que como ela, de facto, era"."

Luis Miguel Oliveira in As Aranhas

Porque a música não é apenas composta de versos que se decoram, é feita de sons que idealizamos, de sentimentos que cantarolamos. Se não sentirmos a música como algo nosso, nunca gostamos verdadeiramente dela, apenas a transcrevemos com a nossa própria voz...

Confesso que não era sobre isto que eu ia escrever, mas também tinha sons.momentos.sentimentos.sabores.etc.etc.etc.etc.... tem de servir a análise da música.

escrito por Rogério Junior às 20:56.



Transcrevendo (parte XIV)


"Ler um livro é como ter um orgasmo. É um momento de esquecimento da vida, mera farsa da consciência, perdida no seus próprios caminhos; e um reencontro connosco. É nos livros, nos orgasmos e nos restantes gestos desprovidos de consciência que se encontra a verdadeira essência da existência."

Lígia Mendes in despreocupadamente.blogspot.com

escrito por Rogério Junior às 14:55.


quarta-feira, fevereiro 01, 2006


3 - 2

Este cantinho fez no passado dia 30 três mesitos de existência... tenrinho ainda... os parabéns aos meus cinco fiéis leitores que ainda acompanham os meus devaneios...

Parabéns ao Despreocupadamente (despreocupadamente.blogspot.com) pelos seus dois meses (estranhamente também no dia 30)! Escritas geniais e despreocupadas é por lá, graças ao fantástico G8.

escrito por Rogério Junior às 01:33.


Sobre mim

Tenho 21 anos. Escrevo por gosto e por necessidade. Acredito nos sonhos e tenho alguns. Sou apaixonado pela Vida e pela Arte. Já escrevi poemas, canções e algumas palavras presas. Escrevo momentos. Alguns em delirio. Nunca editei um livro.

Outros devaneios

Rogério Junior . com

Momentos que leio

Alcomicos Anónimos
Anjos Caídos
Alguém
Algures Aqui
Apenas mais um
A Voz
Blogue Aberto
Charquinho
Cromossomas Lendários
Despreocupadamente
É a cultura, estúpido
Estado Civil
Fábrica dos Sonhos
If only you knew...
Intimidade Indecente
Intimidades
Lua de Inverno
Mais cidade que sexo
Muito à frente
O Fugas
O meu refúgio
Pedacinhos de Estrelas
Pedaços de Papel
Rascunhos (gritos mudos)
Rasga-me as palavras
Salada de Letras com Maionese
Será o Amor impossivel?
Tudo o Que Tenho Em Mim
Um dia de cada vez
Um Rumo
Urso Maior
(des)fragmentações

Momentos anteriores

O fim dilui-se?
Fim.
devaneios reais...
arte?
sem som...
pedaços...
mais um sábado...
musica?
Transcrevendo (parte XIV)
3 - 2

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