segunda-feira, outubro 31, 2005


Portugal

Tudo começou há uns anos, éramos encaminhados com falinhas mansas a apertar o cinto, furo atrás de furo até o que restava do cinto esburacado ser empenhado num agiota qualquer.
Fomo-nos acostumando a uma cintura cada vez mais fina e por fim quando o cinto foi empenhado as calças caíram, sendo essas rapidamente utilizadas para comprar um prato de sopa e sem darmos conta o discurso tinha mudado, e ouvia-se a célebre frase "O país está de tanga", mas não é o país que está de tanga, somos nós, os portugueses. Ou melhor, estávamos! Sim porque o tempo da tanga já deu o que tinha a dar e até essa foi utilizada para um buraco de orçamento qualquer.
É preciso reformar, é preciso um milagre...
Já virámos à direita e à esquerda, já estivemos quase num meio-termo e as coisas não melhoraram...
Quantas viragens serão precisas para se perceber que não é por sermos de esquerda ou de direita que as coisas melhoram? Faz-me lembrar a velha história da equipa que joga mal e a culpa é somente do treinador. Tenho de concordar de que é bastante importante para o desempenho (mau ou bom) da equipa, mas não é o treinador que joga sozinho. Sejamos honestos, a culpa é de todos nós, que nos habituámos a criticar, a falar mal e a votar em branco.
A culpa é de todos aqueles que têm pena dos nossos prestáveis funcionários públicos que trabalham arduamente das onze às quatro (desculpem se contabilizei horas a mais) e que lhes querem retirar o beneficio no sistema de saúde até ao quinto descendente (outra vez peco na contabilização, desta vez para menos), regalias aqui e ali, realmente oferecem os seus préstimos ao estado a troco de um ordenado chorudo, têm de ter todos os benefícios possíveis... A culpa é de todos aqueles que acham que a reforma devia ser aos 65 anos, pois o trabalhador até essa idade pode desempenhar sem qualquer problema a sua função (principalmente se trabalhar nas obras ou executar trabalhos de precisão). A culpa é de todos aqueles que encontraram quinhentas formas de ludibriar o sistema a fim de não pagarem as multas por irem a 140 dentro da cidade (até porque o carro anda logo é seguro). A culpa é de todos os que fogem ao fisco (pagar é para quem é parvo claro) e orgulham-se disso. A culpa é de todos aqueles que se queixam dia após dia do preço do combustível mas nunca deixam o carro para irem de transportes públicos (porque da última vez que tentaram - há 10 anos atrás - chegaram dois minutos atrasados)...
Mas claro... nem tudo são coisas más... estamos quase no Mundial, o Castelo Branco continua na 1ª Companhia, o Zé Manuel apanhou uma couve de 5 quilos e até já chove...

Que o povo quer é pataniscas, futebol e vinho... muito vinho!


O estado do país assusta-me... ou melhor entristece-me...

"Portugal - Ame-o ou deixe-o! (o último a sair apague as luzes do aeroporto)"

escrito por Rogério Junior às 22:29.


domingo, outubro 30, 2005


"Será"

Será que ainda me resta tempo contigo,
ou já te levam balas de um qualquer inimigo.
Será que soube dar-te tudo o que querias,
ou deixei-me morrer lento, no lento morrer dos dias.
Será que fiz tudo que podia fazer,
ou fui mais um cobarde, não quis ver sofrer.
Será que lá longe ainda o céu é azul,
ou já o negro cinzento confunde Norte com Sul.
Será que a tua pele ainda é macia,
ou é a mão que me treme, sem ardor nem magia.
Será que ainda te posso valer,
ou já a noite descobre a dor que encobre o prazer.
Será que é de febre este fogo,
este grito cruel que da lebre faz lobo.
Será que amanhã ainda existe para ti,
ou ao ver-te nos olhos te beijei e morri.
Será que lá fora os carros passam ainda,
ou as estrelas caíram e qualquer sorte é bem-vinda.
Será que a cidade ainda está como dantes
ou cantam fantasmas e bailam gigantes.
Será que o sol se põe do lado do mar,
ou a luz que me agarra é sombra de luar.
Será que as casas cantam e as pedras do chão,
ou calou-se a montanha, rendeu-se o vulcão.

Será que sabes que hoje é Domingo,
ou os dias não passam, são anjos caindo.
Será que me consegues ouvir
ou é tempo que pedes quando tentas sorrir.
Será que sabes que te trago na voz,
que o teu mundo é o meu mundo e foi feito por nós.
Será que te lembras da cor do olhar
quando juntos a noite não quer acabar.
Será que sentes esta mão que te agarra
que te prende com a força do mar contra a barra.
Será que consegues ouvir-me dizer
que te amo tanto quanto noutro dia qualquer.

Eu sei que tu estarás sempre por mim
Não há noite sem dia, nem dia sem fim.
Eu sei que me queres, e me amas também
me desejas agora como nunca ninguém.
Não partas então, não me deixes sozinho
Vou beijar o teu chão e chorar o caminho.
Será,
Será,
Será!

Abrunhosa


escrito por Rogério Junior às 17:52.



1º Mês

Foi há um mês que neste mesmo sitio abri esta página em branco, com a simples idéia de escrever alguns devaneios, de partilhar algumas palavras, opiniões... Faz hoje trinta dias que comecei a transcrever momento (s) em delirio, à desgarrada, sem escolher palavras, escrevendo para mim, com o conhecimento de quem me quisesse ler... Uma forma de libertação pelas palavras, que as folhas em branco entristecem-me. E com o passar dos dias tornou-se quase um vicio.
Abrir esta janela, libertar-me do mundo e escrever o que o meu subconsciente tentava ocultar...

Hoje tenho mais que meia dúzia de textos, tenho os meus cinco leitores, fiéis, concordantes, discordantes, imaginativos, perspicazes... únicos...
E é a vós que agradeço, pelas vossas opiniões, pelos vossos silêncios, pela vossa presença... Porque hoje sei que não escrevo só para mim, (esses textos deixo-os no meu caderno, legado que um dia partilharei) e embora nao me lembre de quem me lê na altura de escrever, fruto de uma libertação transcendental, tenho plena consciência que deixo um pouco de mim a quem o quiser agarrar...

E hoje, meus fiéis cinco leitores, deixo-vos um desafio... De partilharem também connosco um pouco de vós, que me enviem um texto, um poema, uma canção... um momento (s)em delirio... anónimamente ou indentificado... respeito o vosso critério...

Teria todo o gosto em ser um mero leitor no "Momentos em delirio - Momento sem delirio"

Para quem não sabe onde me encontrar... momento@rogeriojunior.com

Cá vos espero...

escrito por Rogério Junior às 14:45.


sábado, outubro 29, 2005


Conversas

Voltou o Inverno e com ele o abandono progressivo das esplanadas e mesas de café dissertando sobre a vida e os assuntos mais mundanos que me ocorriam.
Agora os tempos são outros, a troca de idéias é feita dentro de portas, e se possivel, acompanhada de um bom ar-condicionado! A dissertação essa é quase sempre a mesma, ou não fosse o mundo girar mas ser sempre redondo. O assunto do presente é sempre abordado, é como que uma ponte para as as divagações que se sucedem... Nunca se chega a uma conclusão concreta, e acabamos sempre com as mesmas certezas que tinhamos, mas sentimo-nos mais ricos . Que sonhar não custa dinheiro. E é mesmo por aí que se terminam todas as conversas, pelos sonhos. Fruto de uma conversa longa ou de uns quantos copos já vazios acabam sempre as conversas com o "se" no principio das frases e com o "podia ser" no final das mesmas.
Nos intervalos fala-se do futuro e do passado, sente-se a nostalgia propensa dos anos que já passaram e das situações que acontecem, que aconteceram, que vão acontecer. Conversa-se sobre o trabalho e sobre a familia. Pede-se opiniões, aceitam-se poucas, mas partilha-se sempre um pouco de nós, recebe-se sempre um pouco de quem nos acompanha. Combina-se a próxima conversa e paga-se a conta.
As conversas de café fazem-me bem!

escrito por Rogério Junior às 15:59.


sexta-feira, outubro 28, 2005


Transcrevendo (parte III)

A serenidade não é feita nem de troça nem de narcisismo, é conhecimento supremo e amor, afirmação da realidade, atenção desperta junto à borda dos grandes fundos e de todos os abismos; é uma virtude dos santos e dos cavaleiros, é indestrutível e cresce com a idade e a aproximação da morte. É o segredo da beleza e a verdadeira substância de toda a arte.
O poeta que celebra, na dança dos seus versos, as magnificências e os terrores da vida, o músico que lhes dá os tons de duma pura presença, trazem-nos a luz; aumentam a alegria e a clareza sobre a Terra, mesmo se primeiro nos fazem passar por lágrimas e emoções dolorosas. Talvez o poeta cujos versos nos encantam tenha sido um triste solitário, e o músico um sonhador melancólico: isso não impede que as suas obras participem da serenidade dos deuses e das estrelas. O que eles nos dão, não são mais as suas trevas, a sua dor ou o seu medo, é uma gota de luz pura, de eterna serenidade. Mesmo quando povos inteiros, línguas inteiras, procuram explorar as profundezas cósmicas em mitos, cosmogonias, religiões, o último e supremo termo que poderão atingir é essa serenidade.

Hermann Hesse, in 'O Jogo das Contas de Vidro'

escrito por Rogério Junior às 21:19.



Receita

São as estrelas que se apagam para dar lugar aos carros, a cidade põe-se a correr ainda não há luz, ouve-se o barulho de um novo dia que agora amanhece, são os ruidos de uma civilização que me asfixia...
A noite trouxe com ela o silêncio que me deixou em plena paz, essa mesma noite que agora parte dando lugar a um arco-iris desbotado de neons que não me satisfaz, resta-me então aguardar pelo acordar do meu pequeno anjo para voltar...

À civilização
À música
À accção

Ao trabalho
Ao ruido
Ao movimento

Este negro vazio que agora me abandona ajudou-me a espantar Murphy e as suas fantásticas leis, bastou-me polvilhar com um pouco de convicção e outro tanto de raciocinio lógico e metódico para encontrar a mistura perfeita...

E como em todas as boas receitas há sempre um pequeno segredo... o desta é simples... Pensamento Positivo!

escrito por Rogério Junior às 06:12.


quinta-feira, outubro 27, 2005


Lei de Murphy

Não estou com grande enfase para dissertações. O dia começou (sim já é dia 27) como só Murphy conseguia explicar:

"Se alguma coisa pode dar errado, dará.
E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível. "

e para completar:

"Se alguma coisa parece que está indo bem, obviamente você se esqueceu de algo. "


Vamos lá ver o desenrolar da coisa!

escrito por Rogério Junior às 01:30.


quarta-feira, outubro 26, 2005


êxtase inerte

Aparecem sem ser requisitados, em fortes rajadas como um vento de sul, interpelam-se e apagam-se com a mesma velocidade vertiginosa que aparecem. Tento dar-lhes uma organização sã.
Impossível.
Conjugo-os em três tempos: passado, presente e futuro.
Abraço-os conforme vão chegando, tentando enganar-me e atingir um controlo necessário. São demasiadamente fugazes para que os consiga definir, nem sempre falamos na mesma língua, e acabo por desistir... Com a esperança de encontrar, enquanto me abstraio, alguma certeza...
Triste desengano, apenas sopram mais fortes deixando-me num êxtase inerte…

Por vezes conseguem ganhar-me...

Mas quem seria eu sem eles?!

Sim, os meus pensamentos!


escrito por Rogério Junior às 21:09.


terça-feira, outubro 25, 2005


Deserto



Há dias assim...

A idéia que caminhamos num deserto descolorado e sombrio...

A idéia que somos conduzidos para um lugar incerto...

A idéia que vamos sozinhos...

A idéia que não temos um rumo...

Hoje não é um desses dias!


escrito por Rogério Junior às 10:30.


segunda-feira, outubro 24, 2005


O Gato Preto

Não bebi o vodka mas acendi um cigarro, accionei a décima terceira música da lista de favoritos, no fundo sou um tipo supersticioso. e hoje... hoje passou um gato preto á minha frente.
Já não tinha a certeza se era motivo de sorte ou azar, procurei no google, achei as duas afirmações, a internet ambigua como sempre voltava a surpreender-me, esqueci-me do pormenor que tinha uma coleira... vermelha como o sangue.
Nada de importante, o mais certo era o famoso motor de busca devolver-me um "dá sorte e dá azar dependendo do lado do guizo". Não me prendi nesse pormenor e deixei de pesquisar, os resultados seriam irrelevantes, já nem sabia qual a razão de tal procura. Cada coisa só tem o significado que lhe quisermos dar, é mais ou menos como as coincidências... nas quais não acredito (e não, não li o livro da outra), as coincidências (como li algures) são obras de Deus que Ele não assina...

Mas aqui a questão é a do gato, do espelho partido ou a pata de coelho para dar sorte (mas ao pobre bicho não lhe deu sorte nenhuma), não serão tudo superstições utilizadas pela nossa mente com tempo livre demasiado?
E o tempo livre é perigoso para quem não o sabe gastar...
A verdade é que não passa tudo de tentativas frustradas de dar alguma "ciência" ao que nos acontece, sejamos realistas... em traços muito gerais, para o texto não se tornar maçador (quem quiser pormenores... estou ali na mesa do café) a vida reserva-nos o que fazemos dela, não vai ser por um gato preto passar à minha frente que a noite vai ser azarada, ou por ter partido um espelho que vou ter sete anos de azar (aqui há um erro crasso visto o sete ser um número de sorte) ou ainda por ter um amuleto no bolso que não me acontece nada...

As coisas acontecem sim, mas numa ordem muito mais prática... se tropeçamos o mais certo é cairmos, se ficamos constipados o mais provável é termos apanhado uma corrente de ar....

Azar? Dizer que foi azar é mais fácil... mas será real?

(não é que o gato preto fez-me mesmo confusão?)

escrito por Rogério Junior às 23:47.


sábado, outubro 22, 2005


Sinfonia Concertante

Apareceu-me cá em casa já faz uns dias uma daquelas semi-encomendas publicitárias que não interessam a ninguém, anunciando a oferta de milhares de euros e leitores de dvd...
Intitulava-se "Os grandes mestres da música clássica", não suscitou qualquer interesse até há umas horas quando procedia a uma limpeza extrema no passado "não útil" de papelada.
Resolvi abrir o que me parecia ser um livro sobre Mozart, com capa de livro e a cara do ser estampada a todo o tamanho.
Estranhamente ao abrir tal coisa deparei-me com um cd do mesmo ser, música clássica: "Obras-primas musicais", ora se tal me foi enviado não deveria ter sido sem razão aparente (últimamente ando como que à procura da razão das pequenas coincidências) e coloquei o dito cd no leitor.
Aumentei o som até ao máximo.
Acordes violentos invadiram a casa.
A sonoridade era boa.
Ninguém se queixou.
Era a primeira vez que tal tipo de som invadia o meu espaço propositadamente.
A música clássica ouve-se bem - pensei. Ouvi um estranho comentário - "Estás inspirado, com essa música." Há já muito tempo que ninguém comentava a música que eu oiço em casa.
Os acordes melodiosamente violentos emanavam por todo o lado.
Terceira música - Ouvi um prato a partir, um grito abafado, uma pequena corrida e um telemovel a tocar, entre os acordes demasiadamente altos qualquer som era estranho, mas estes mais ainda.
Algo de suspeito se passava. Já o cd ía a meio ouvi mais um grito (este consegui perceber) - "Mas isso não acaba?".
Os humores tinham mudado desde que o cd entrara no velho leitor.
Estava feito o teste, a música clássica (segundo os especialistas que me enviaram a oferta) é para ouvidos cultos e grandes apreciadores.
Aqui por estas bandas nem grandes apreciadores, nem ouvidos cultos, que por aqui gostasse é de música de intervenção e as ladainhas do costume....

Música clássica - 0 , Música do costume - 1

Também se põe a hipotese de ter sido problema do volume demasiadamente alto, hei-de fazer o teste um dia destes, não para já que as ameaças foram mais que muitas!

escrito por Rogério Junior às 20:07.



Pois é

Quantas palavras calei, quantos pensamentos desviei, quantos silêncios descobri.
Sem saber o poder que as palavras pensadas têm, sem saber que o silêncio quando é demasiado destrói.
Liguei o rádio, tocava uma música conhecida, as pessoas mudam - gritei.
Tentava enganar-me a mim próprio, não estava ninguém para ouvir...

Deixa-me rir
Essa história não é tua
Falas da festa, do Sol e do prazer
Mas nunca aceitaste o convite
Tens medo de te dar
E não é teu o que queres vender

Deixa-me rir
Tu nunca lambeste uma lágrima
Desconheces os cambiantes do seu sabor
Nunca seguiste a sua pista
Do regaço à nascente
Não me venhas falar de amor

Pois é , pois é
Há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor
O que vai dizer Segunda-Feira

Deixa-me rir
Tu nunca auscultaste esse engenho
De que que falas com tanto apreço
Esse curioso alambique
Onde são destilados
Noite e dia o choro e o riso

Deixa-me rir
Ou então deixa-me entrar em ti
Ser o teu mestre só por um instante
Iluminar o teu refúgio
Aquecer-te essas mãos
Rasgar-te a máscara sufocante

Pois é, pois é
Há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor
O que vai dizer Segunda-Feira

Palma

escrito por Rogério Junior às 15:39.


sexta-feira, outubro 21, 2005


O Frasco

Já faz algum tempo estava eu e um grande amigo numa qualquer esplanada dissertando sobre a vida e sobre o futuro quando esse meu amigo, pessoa de poucas palavras e convicções fortes, me contou a história que aqui vos deixo:

Um professor de filosofia parou em frente da turma e, sem dizer uma palavra, pegou num frasco de maionese vazio e encheu com pedras de uns 2 cm de diâmetro.
Então perguntou aos alunos se o frasco estava cheio.
Eles concordaram que estava.
Então o professor pegou numa caixa com pedregulhos bem pequenos, jogou-os para dentro do frasco, agitando-o levemente. Os pedregulhos rolaram para os espaços entre as pedras.
Ele então perguntou novamente se o frasco estava cheio.
Os alunos concordaram: agora sim, estava cheio!
Então o professor pegou numa caixa com areia e despejou-a para dentro do frasco preenchendo o restante.
Agora, disse o Professor: "eu quero que vocês entendam que isto simboliza a vossa vida...
As pedras são as coisas importantes: a vossa família, os vossos amigos, a vossa saúde,, coisas que preenchem a vossa vida. Os pedregulhos são as outras coisas que importam: o vosso emprego, a vossa casa, o vosso carro...
A areia representa o resto: as coisas pequenas.
Se vocês colocarem a areia primeiro no frasco, não haverá mais espaço para os pedregulhos e as pedras.
O mesmo vale para a vossa vida. Cuidem das pedras primeiro. Das coisas que realmente importam. Estabeleçam as vossas prioridades.
O resto é só areia!


Tenho de confessar que nunca levei muito à letra esta história, mas lembro-me dela muitas vezes...

escrito por Rogério Junior às 02:01.


quinta-feira, outubro 20, 2005


o poder das palavras

Já escrevi um pouco de tudo, já escrevi palavras fortes e palavras sábias, sentimentos e sons, alguns sabores e outros tantos dissabores, já escrevi amor e ódio, sonhos e virtudes, momentos em delirio...
Mas há alturas que não se encontra palavras, que não se escrevem momentos, que não se transcreve em lado algum o que nos vai na alma...
Esses instantes guardamos só para nós, esses instantes são eternos, merecem um silêncio, não da alma mas do som, seja ele do bater das teclas ou da própria voz.

E são esses momentos que me assombram agora e que não te descrevo.... ambos sabemos o poder que as palavras têm!

"hoje soube-me a pouco"

escrito por Rogério Junior às 21:37.



Música Maestro

Apetecia-me escrever assim à desgarrada como já não o faço há algum tempo, confirmo desde quando e vejo o dia treze como marca (o blog não se engana), fazendo as contas dá sete dias!
Ora lembrei-me de divagar sobre o silêncio, sobre o tempo, sobre este ou aquele sentimento mais profundo... mas a noite já vai alta e ainda quero dormitar, fica para uma próxima.
Mais sucinto que tais pensamentos lembrei-me da música!
Essa estranha forma de arte que me acompanha todos os dias, quase sempre nacional é certo (mas o devaneio nacionalista fica para mais logo) mas sempre presente.
A música é algo que me fascina, gosto de um bom poema associado à instrumentalidade afinada.

Dito assim parece fácil, mas desenganem-se, o génio e o engenho é escasso por terras lusas, embora quem entre em uma qualquer discoteca (entende-se por uma fnac, worten ou continente) depara-se com uma panóplia de cantores portugueses de cansar a vista. A qualidade é que não abunda assim tanto e os maiores sucessos são dos velhinhos de sempre...
É certo que actualmente qualquer cara bonita faz "música", traduzida de uma qualquer canção inglesa, com uns arranjinhos aqui e ali e está um "Top Ten" feito. Os concertos, esses são em playback pois a bela garganta nunca desferiu um só acorde afinado, mas isso são outras lides...
Deixa-me quase deprimido tal facto, será que não existem cantores como há vinte anos? Era uma geração de ouro que foi suprimida ou emigraram para outras bandas e têm vergonha do nosso cantinho à beira-mar plantado?
Tenho medo do nosso futuro musical, ou não sejam as canções de um sujeito que morreu há quinze anos o maior sucesso do ano...

Viva Palma, Viva Godinho, Viva Variações, Viva UHF e Xutos...

(esta veia nacionalista últimamente não me larga)

escrito por Rogério Junior às 03:59.


quarta-feira, outubro 19, 2005


Slogan (II)

Para quem ainda não sabe o novo slogan da Vodafone é:

"Viva o momento. Now."


Não quero que vos falte nada!

escrito por Rogério Junior às 19:59.


terça-feira, outubro 18, 2005


Slogan

Quero deixar bem claro que não tive qualquer influência nos criativos da Vodafone para o novo slogan da empresa!

Mas que está muito bem pensado está! Na minha modesta opinião deixa a milhas o slogan da TMN - "Até já" !

Vamos ver o impacto...

escrito por Rogério Junior às 01:32.


domingo, outubro 16, 2005


TV

Há já muito tempo que não assistia a um espectáculo tão deplorável! (e não estou a falar do Sporting), a televisão portuguesa está pela hora da morte... ela é "1ª Companhia", "Malucos do Riso", "Morangos com Açucar" e "O preço certo em euros", sem esquecer o "Donas de casa desesperadas" ou o fantástico "Jornal da Noite" da TVI...

Mas foi para isto que lutámos contra os mouros e contra os espanhóis durante tanto tempo?

Já me tinha esquecido porque é que tinha deixado de ver televisão, (in)felizmente relembrei-me! Desde as figuras patéticas numa pseudo-tropa até à crise de meia idade de umas quantas senhoras... já para não falar no Zé do Milheiral que encontrou uma concha à beira mar e foi noticia no Telejornal com direito a entrevista para a familia toda!

Eu sei que a natalidade portuguesa está em baixa, e o governo faz tudo para ter uma população rejuvenescida, que é o futuro do país e tal, mas é preciso descer tão baixo?

Qualquer dia cortam o acesso à TVCabo e parecemos coelhos... porque a malta tem de se entreter e o frio está a chegar...

Está bonito isto!

escrito por Rogério Junior às 22:19.



Outras Lides

Criatura da Noite - Entre Aspas

Esta noite quero cantar
Dançar e voar ah ah ...
Quero ver luzes muitas
Quero ser um pássaro.

Quero ver os peixes a bailar
E as ideias a gritar
Quero voar voar até ver
O mar pegar fogo
E o campo incendiar
Até a luz me cegar
E eu voltar p'ro meu lugar

(hoje é dia de diversidade)

escrito por Rogério Junior às 17:18.



Para ouvir

Os velhinhos ainda têm um bom som!
Não são poemas que se possam transcrever sem o acompanhamento musical, mas para pensamentos light:

UHF - Há rock no Cais

escrito por Rogério Junior às 12:25.



Vidinha

Sempre achei que tinha uma vida estafante, um emprego sem horas certas, uma familia complicada, sempre situações para resolver, sempre ocupado. Estive ontem num retiro quase espiritual, meditando com os meus pequenos botões acerca dessa mesma vida. E como a nossa consciencia é feita de tudo o que nos rodeia não pude deixar de apelar ao mundo em redor e à minha memória outrora selectiva para obter termos comparativos. Bem sei que não se podem comparar duas vidas, dois mundos e duas vivências, somos seres únicos. Mas teorias à parte lá comparei.
Acabei por descobrir que até tenho uma vidinha engraçada e pacata, comparada com muitas que por aí andam, ainda me lembrei de voltar ao velho assunto dum devaneio anterior - "Cartas na mesa" - mas às 5 da madrugada fazer muito barulho é complicado quando não se vive sozinho...
e isso fez-me reflectir sobre os objectivos que tenho, num gráfico exponencial do tempo que sobra e descobri a luz ao fundo do túnel (afinal o nosso Primeiro-Ministro ainda não a desligou para poupar no orçamento de estado).
Conclusões e pormenores à parte (não, não me apetece ficar deprimido) até não tenho muito por onde me queixar!
E já agora... esta é conhecida:

"Sempre tive pena de mim por não ter sapatos, até que descobri um homem que não tinha pés."

escrito por Rogério Junior às 12:11.


sábado, outubro 15, 2005


Transcrevendo (parte II)

Não é extraordinário pensar que dos três tempos em que dividimos o tempo - o passado, o presente e o futuro -, o mais difícil, o mais inapreensível, seja o presente? O presente é tão incompreensível como o ponto, pois, se o imaginarmos em extensão, não existe; temos que imaginar que o presente aparente viria a ser um pouco o passado e um pouco o futuro. Ou seja, sentimos a passagem do tempo. Quando me refiro à passagem do tempo, falo de uma coisa que todos nós sentimos. Se falo do presente, pelo contrário, estarei falando de uma entidade abstracta. O presente não é um dado imediato da consciência.

Sentimo-nos deslizar pelo tempo, isto é, podemos pensar que passamos do futuro para o passado, ou do passado para o futuro, mas não há um momento em que possamos dizer ao tempo: «Detém-te! És tão belo...!», como dizia Goethe. O presente não se detém. Não poderíamos imaginar um presente puro; seria nulo. O presente contém sempre uma partícula de passado e uma partícula de futuro, e parece que isso é necessário ao tempo.

Jorge Luís Borges, in 'Ensaio: O Tempo'

escrito por Rogério Junior às 10:14.


quinta-feira, outubro 13, 2005


Esta noite

São 22 e 13, uma triste coincidência que me fez relembrar que hoje é dia 13... as memórias que eu tenho dos dias treze...

Divaguei um pouco antes de abrir esta janela, falei das nuvens e do azul do céu, do olhar que não se levanta para o contemplar e de pensamentos positivos, falei do que foi, do que vai ser, não falei do presente! Esse guardei-o para mim!

Lembrei-me de rir mas não encontrei motivo, lembrei-me de chorar mas não consegui.
Deixei-me num estado meio absorto da realidade, contemplando um Vazio que me encontrou...
Não encontrei palavras para o descrever e este tornou-se demasiado pesado... arranjei-lhe um amigo e deixei-os a conversar, ambos tentaram descobrir a essência um do outro sem saberem que se completam... tiveram chatisses em poucos tempo, partilharam momentos a dois e separaram-se, encontraram-se diversas vezes sem saberem que estavam acompanhados, descobriram multidões e deram-se bem, deram-se mal, voltaram a estar sozinhos procurando a sua real essência, perderam-se e reencontraram-se... mas casualidades da vida numa esquina qualquer voltaram-se sempre a encontrar... em almas diferentes, em sentimentos distintos, mas os dois juntos... não precisaram de mais nada... então o Vazio e o seu novo amigo Silêncio juraram que quando alguém precisasse de um deles... iriam os dois!

E foi assim que eu arranjei dois novos amigos que tento agora exorcisar, mas a cidade já dorme e a luz da lua não chega para os afastar, tenho de esperar pelo novo raiar para uma nova tentativa, tempo demais, o negro da noite ainda agora chegou e já me invadiu... resta-me então deixar-me absorver, tentando sonhar... sem saber se é melhor nem tentar...


Eu não sei quem te perdeu

Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".

E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.

E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu

Abrunhosa

escrito por Rogério Junior às 22:13.


quarta-feira, outubro 12, 2005


Um pensamento feliz

Abrunhosa cantava "Se eu fosse um dia o teu olhar" em doces acordes, permitindo-me pensar ao seu sabor, permitindo-me sonhar entre as teclas de um piano secular....
Recordei momentos, sons e sabores, recordei palavras e sensações, pedaços de um tempo só nosso, instantes fugazes e únicos...
Sei que o tempo agora parou para me deixar sorrir, neste momento a cidade parou para me ouvir dizer que te adoro, as nuvens dissiparam-se para deixar a lua brilhar...
Não acendi nenhum cigarro, não mudei de música, agora vou sonhar até ao fim, sou um sonhador disso não posso fugir, neste instante não quero, não consigo...
Sonho que pensas em mim, que a vida são dois dias, como uma vez me disseste, e que hoje é o primeiro...
Sonho que tenho um pensamento feliz e que estás aqui comigo para o partilhar...

escrito por Rogério Junior às 22:03.



Pequenos nadas

Acordei de madrugada com uma voz de anjo a sussurrar-me ao ouvido, ainda o sono não ía a meio e já era hora de mais um dia em cheio, que dormir é perda de tempo... e esse não pára!

A chuva abrandou para me deixar passar e uma criança sorriu quando me viu a cantar... entoava num tom meio esquecido "a vida é feita de pequenos nadas", e são esses mesmos que nos completam...
No caminho para o meu afazer diário tento sempre por as idéias em ordem, lembrando-me do que tenho de fazer durante o dia.
Esqueci-me e quase adormeci.
Atravessei a cidade como de costume, as pessoas correm atrasadas, as estradas molhadas, o cinzento do dia e o frio que não chega. Tudo normal
Lembrei-me e quase acordei.
Do que tinha de fazer durante o dia, que ainda era cedo, que já era tarde, era apenas mais uma pessoa a correr num espaço que não é meu, momentos, instantes parados, e mais à frente, há alturas que me sinto assim... num silencio absorto que me fascina e deixo-me ficar, é assim que chego às minhas brilhantes conclusões, suposições, apenas divagações... depende... do espirito, do tempo, do mundo...

Ainda há pouco algures no meio de uma conversa surgiu a célebre frase "as coisas duram o tempo que têm de durar", esqueci-me nesse instante do "para serem inesqueciveis", esqueci-me também que há coisas que duram para sempre, esqueci-me que nós mudamos, que o mundo muda, mas que aprendemos e crescemos porque há coisas que ficam para todo o sempre, mesmo que seja em breves lembranças motivadas por um pensamento já condicionado!
Acabei de ler ontem "A Vida é breve", uma carta de amor sem final feliz... não seja ela uma carta de amor conjugada no passado...

escrito por Rogério Junior às 12:12.



é tudo

É noite.

O silêncio ensurcedor é alto demais e faz-me confusão.

Perco-me em pensamentos profundos.


É noite.

A escuridão ofuscante não me permite sonhar.

Perco-me em divagações inconstantes.


É noite.

Resolvi não dormir tentando abraçar um tempo fugitivo que se desfaz.


Li algures:

Moisés disse: a Lei é TUDO...
Jesus disse: o Amor é TUDO...
Marx disse: o Capital é TUDO...
Freud disse: o Sexo é TUDO...
E veio Einstein e disse: TUDO é relativo!

E agora em que é que ficamos?O que é que é TUDO afinal?

escrito por Rogério Junior às 03:43.


segunda-feira, outubro 10, 2005


O Mundo

Apago mais um cigarro
Toca Palma
A casa está vazia
Ouve-se a chuva por detrás dos acordes como se fizesse parte destes, olho à minha volta e está tudo na mesma, as coisas no seu devido lugar, um livro caido ali, uma moldura a olhar para mim, um cinzeiro já cheio, uma folha em branco, uma chave perdida, um postal relembrando velhos tempos, colada na parede uma frase simbólica - "Déjà vu".
Faço um balanço, é positivo, faço outro, é negativo, solto uma gargalhada!
A minha memória cruelmente selectiva enganou-me agora!
Recordo momentos, recordo sons e sabores, cada coisa tem o seu sentido no meu mundo feito de pequenos instantes...
A chuva abrandou, olho as estrelas coladas num céu particular, observo a estante de livros, tantos ainda por ler, retirei há pouco mais um - "A Vida é Breve" - que me veio parar às mãos coincidentemente quando procurava outro.
Há sempre um pedaço que falta aqui, e às vezes este vazio invade o meu silêncio e deixa-me assim...
Uma lágrima que se solta furtivamente, relembrando um sorriso de outrora, o mundo muda e volta a mudar mas lá no fundo continua sempre igual... há sempre tanta coisa para transformar, há sempre tanto para dizer, há sempre tanto por contar e o tempo... esse é sempre contado... a cada palavra o mundo dá mais uma volta e tudo retorna ao seu lugar mas temos menos um segundo, um minuto, uma hora, um dia... é inevitável!

E há um dia que ele pára, que o mundo abranda para nos deixar pensar, mas nesse instante não estamos aqui... já nos habituámos a deixar de pensar, de sentir, de viver, sabemos apenas sobreviver com um ritmo frenético e louco... nesse instante percebemos que para ter deixámos de ser!

escrito por Rogério Junior às 19:56.


domingo, outubro 09, 2005


Sem sentido

Dou o último trago no café já frio, este não tinha frase escrita no pacote de açucar, acendo mais um dos malditos cigarros ignorando por completo o mundo à minha volta.
É domingo mas nem parece, o céu está escuro mas pouco importa, aqui nem janelas há!
Noutras alturas estaria a ouvir Godinho ou Abrunhosa num tom elevado, cantarolando e rindo. Hoje a música é outra, o tom é mais baixo, o riso não chegou, talvez seja da chuva que finalmente ameaça cair, talvez seja da falta de janelas ou da porta estar fechada, encerrando e resumindo o meu mundo a este pequeno cubiclo.
Há uma janela que se abre, esta é virtual, não deixando de estar uma pessoa real do outro lado, lê-se "Uma das tuas nuvens" no cabeçalho e solto uma gargalhada, se soubessem como encaixa tão bem agora no meu sentir.
Remeto-me então a um passado não muito distante, tentando encontrar o fio condutor de um presente delirante... é em vão! Ele existe mas não o consigo distinguir, é o futuro que me assusta, e dum jeito insistente penso sempre um momento à frente... com um pé atrás e o outro no ar, esperando me conseguir equilibrar... sem saber que ambos no chão é mais eficiente... e numa fracção de tempo deixo de pensar, absorvo o silêncio e ponho-me a sonhar...
É tão habitual para mim que ignoro a realidade, escondo-me dentro de um refúgio que tentei em tempos abandonar sem sucesso... todos temos um refúgio algures... essa é a verdade!
Como dizia há pouco... A vida é dura para quem é mole!

escrito por Rogério Junior às 15:20.


sábado, outubro 08, 2005


. . .


escrito por Rogério Junior às 19:12.



Silêncio

Componho a minha vida de breves silêncios, esperando que eles completem o meu pensamento como se fossem palavras... e tanta coisa fica por dizer, e tantos silêncios são quebrados, inconscientemente, sem dizerem o que deviam...

Os silêncios têm o seu lugar, e nem sempre me permitem sonhar, eles não são mais de ouro ou as palavras de prata como diz o velho provérbio, são breves instantes em que descolo do chão sem conseguir voar, voltando rápidamente a uma realidade sonora que não me apraz, são momentos fugazes....

O tempo levou o meu silêncio mais profundo, e nas entrelinhas de um poema deixou algumas palavras no ar... mas elas não completam uma única frase com sentido, e deixam-me à deriva num mar revoltoso de pensamentos e sentimentos...

Absorvo-me em mais um dos meus silêncios, apenas quebrado pela velha melodia do "Não há estrelas no céu" e deixo-me ficar, sem a força suficiente para o quebrar...

escrito por Rogério Junior às 15:45.



Obrigado

por os instantes dementes
por os sonhos partilhados
por os minutos em silêncio
por os sorrisos

por as palavras suaves
por as discussões acessas
por as frases escritas
por as lágrimas

por o amor
por o ódio
por o som
por o sabor

por a vida
por a acção
por a inércia
por a comunhão

por serem a minha visão
por serem a minha (in)consciência


por serem a minha multidão pessoal

por partilhar-mos os Momentos em delírio
por partilhar-mos o Momento sem delírio

Obrigado por existirem! A minha energia são todos vós!

(a todos aqueles que eu amo)

escrito por Rogério Junior às 14:11.



A vida não chega

“A vida não chega”

“Dois lírios sobre a mesa
Uma janela aberta sobre o mar
Trago em mim a certeza
De quem espera p´lo teu voltar

Um cheirinho a café
Fotografias caídas pelo chão
E no ar uma canção
Traz-me uma recordação

Tenho um poema escrito
Guardado num lugar perto do mar
Tenho o olhar no infinito
E suspiro devagar

O tempo aqui parou
Desde que te foste embora
Só a saudade ficou
já não aguento tanta demora

Tenho tanto por dizer
Tanto por te contar
Que a vida não chega
Tenho o céu e tenho o mar
E tanto para te dar
Que a vida não chega

Tenho tanto por dizer
Tanto por te contar
Que a vida não chega
Tenho o céu e tenho o mar
E sei que vou te amar
Para a eternidade…”

Viviane

Lembro-me do dia em que descobri esta música, ouvi-a até a conseguir entoar do principio ao fim, não por ser um objectivo, mas porque de cada vez que a ouvia sentia-me bem. Fazia-me reviver tanta coisa...

Hoje acordei para a ouvir, nem sei se cheguei a dormir, há instantes que não deixam de vibrar... há alturas em que não tenho palavras... há alturas em que procuro... há alturas em que que encontro....

Há momentos em delirio!

escrito por Rogério Junior às 06:34.


sexta-feira, outubro 07, 2005


Manhã

Acordei pela madrugada pronto para mais um dia de trabalho, ou quase pronto...

Acordei o meu anjinho favorito com uma voz suave...


- Queria ter uma coisinha daquelas para olhar ao longe...
- Uns binóculos? - perguntei eu
-Não aquele só com um lado...
-Ahh, um telescópio...
-Sim, queria ver uma estrela cadente, vi na televisão que se virmos uma podemos pedir um desejo
- Um dia vamos ter um! -respondi-lhe
- É verdade que podemos ver o mundo com ele?

Sentei então o anjinho na minha perna e sorri-lhe docemente... "um dia vais ver o mundo sem o telescópio, vais ver uma estrela cadente e ter um punhado de desejos para pedir, vais saber que as estrelas que brilham no céu são os desejos a que tens direito... um dia vais abrir asas e voar... mas serás sempre o meu anjinho"


Há dias que começam bem....

escrito por Rogério Junior às 09:47.


quinta-feira, outubro 06, 2005


Hoje...

...não é Palma, é Rui Veloso - "Todo o tempo do mundo"


Podes vir a qualquer hora
Cá estarei para te ouvir
O que tenho para fazer
Posso fazer a seguir

Podes vir quando quiseres
Já fui onde tinha de ir
Resolvi os compromissos
agora só te quero ouvir

Podes-me interromper
e contar a tua história
Do dia que aconteceu
A tua pequena glória
O teu pequeno troféu

Todo o tempo do mundo
para ti tenho todo o tempo do mundo
Todo o tempo do mundo

Houve um tempo em que julguei
Que o valor do que fazia
Era tal que se eu parasse
o mundo à volta ruía

E tu vinhas e falavas
falavas e eu não ouvia
E depois já nem falavas
E eu já mal te conhecia

Agora em tudo o que faço
O tempo é tão relativo
Podes vir por um abraço
Podes vir sem ter motivo
Tens em mim o teu espaço

Todo o tempo do mundo
para ti tenho todo o tempo do mundo
Todo o tempo do mundo


Esta música faz-me sempre recordar outros tempos... pessoas que perdi mas que mantenho para todo o sempre no coração... palavras que ocultei, alturas em que deixei o tempo à deriva esperando que ele tudo resolvesse... mas ele não volta atrás... e esse passado estará para sempre gravado na minha memória... A vida é tão breve...

escrito por Rogério Junior às 21:03.


quarta-feira, outubro 05, 2005


Cartas na mesa...

Pela manhã coloquei sobre a mesa alguns dos meus principios, escrevi-os com letras maiusculas em papeis gigantes e debati-me, sozinho, com eles.

Escrevi Trabalho e Dinheiro, escrevi Tempo e Organização , escrevi Liberdade e Amor

Escrevi tanta coisa e no fim parecia-me que as folhas continuavam em branco....

À frente do trabalho escrevi sucintamente - Não falta, gosto do que faço.
À frente do dinheiro escrevi rápidamente - Não vai faltando, é pouco importante.
À frente do tempo escrevi em poucas palavras - Quase sempre suficiente.
À frente da organização foi fácil - Pouca ou nenhuma.
À frente da liberdade escrevi em letras graudas - Não me posso queixar.
À frente do amor não escrevi. Tinha muito para escrever mas não encontrei as palavras certas, pensei no amor ao próximo, pensei no amor incondicional, pensei no amor próprio, pensei em filosofias e clichés, pensei em tudo e nada encaixou. Deixei em branco!

Resumi em folhas mais pequenas em que se baseava a minha vida, tinha as cartas abertas escritas à minha frente mas sei que as pessoas não mudam de uma hora para a outra, tentei no meu humor sarcástico encontrar uma piada ou uma desculpa interior.... falsas esperanças.
Acabei por concordar comigo que não sei se quero mudar e é aí que reside a dúvida, já é tarde, esqueci-me de escrever a folha com esse pseudo-principio!

Decidi deixar para uma próxima a auto-análise, já não seria fidedigna faltando algo importante. E agora que escrevo aqui lembro-me sempre de mais alguma coisa que falta.
Um dia destes volto a este assunto! Por enquanto vou mantendo a reflexão interior!

escrito por Rogério Junior às 14:17.


segunda-feira, outubro 03, 2005


Carpe Diem

Utilizo muitas vezes esta expressão.
Traduzida para o nosso português é algo do género "Vive o dia".
Comecei a dar-lhe importância há alguns anos, quando tudo à volta se desmoronou e pensei que o dia de amanhã não ía existir. Há tempos assim! E temos a certeza nesse preciso momento que estamos no fundo, deixamos de acreditar na vida, nos sonhos, no caminho...
Mas com o tempo acabamos sempre por descobrir cruzamentos no caminho, alternativas, as derrotas interiores vão-se apaziguando e conseguimos sair do fundo, deixamos de acordar com uma lágrima no olho, começamos a conseguir ver novamente o sol. Mas há coisas que ficam para sempre, memórias, recordações, sentimentos de culpa e de uma tristeza profunda...
Li ontem num blog que me deram a conhecer a célebre frase - "O que não nos mata torna-nos mais fortes" acompanhada por um final estranhamente bem colocado - "mas só o que não nos mata" - o que me levou a recordar uma velha conversa que tive acerca dessa mesma frase, na altura a questão era simples, torna-nos mais fortes ou torna-nos mais fracos?!
Torna-nos diferentes isso é sabido, são ensinamentos que levamos para toda a vida, mas será que nos tornam imunes ou mais bem preparados para o caso de tal situação se voltar a repetir?
Ou teremos mais medo, porque recordamos o que nos aconteceu, e os sentimentos que voltarão - aqueles que já julgavamos ter esquecido? Nesse caso estaria a tornar-nos mais fracos...
E o que tem o "Carpe Diem" a ver com isto? A resposta é fácil e ambigua:

- Se nos torna mais fortes:
Então devemos seguir à risca o 'Vive o dia', pois por muito que nos leve a cair cada vez que nos levantamos estamos mais bem preparados para o dificil caminho da vida, e com o tempo caimos cada vez menos, e cada vez menos seremos surpreendidos sem qualquer arma, sem qualquer reacção...

- Se nos torna mais fracos:
Então devemos ter cuidado, e é uma filosofia de vida um pouco arriscada, ao nos levantarmos de uma queda teremos medo de voltar a cair e arriscar tudo torna-se um problema de tal ordem que acabamos por nos tornar uns seres solitários, medrosos, tristes, merdosos.
Mas na minha singela opinião torna-nos mais fracos e mais fortes! Torna-nos mais bem preparados, não nos torna imunes a quedas, mas sim mais prudentes!
O risco às vezes é grande e a queda pode ser maior ainda, mas a recompensa do risco.... é essa que devemos ter em mente...

Há uma pessoa muito especial que me disse um dia:
"A vida é feita de momentos"

escrito por Rogério Junior às 21:15.



Textos felizes

Num comentário a um momento de delirio Thor lançou um desafio - "para quando um texto alegre?".
Não tenho por hábito escrever quando estou Feliz, aproveito esses escassos instantes para partilhar essa alegria com quem me rodeia, não me consigo absorver do mundo e dedicar-me a um texto, com a mesma facilidade que o faço quando estou em estado melancólico.
Talvez a tristeza seja um sentimento mais solitário, quem me leve a abrigar no meu refúgio e só a consiga partilhar escrevendo.
Peço desculpa se transmito a idéia de ser uma pessoa amargurada pela vida, muito pelo contrário, tem razões de sobra para ser eternamente feliz, estou consciente disso, mas como é intrinseco da raça humana nunca estamos satisfeitos com o que temos... e um dia que isso aconteça estaremos mortos, acabar-se-á a imaginação e o Sonho... por isso limito-me a ser Feliz aos poucos, um instante de cada vez, dure ele dez segundos ou um ano inteiro...

E parece-me que ainda não foi desta vez que consegui escrever algo alegre! Fica o desafio, talvez para uma próxima...

Um grande abraço Thor!

escrito por Rogério Junior às 20:19.


domingo, outubro 02, 2005


Já nasceste um demitido

Toca agora o grande Palma, companheiro actual das minhas deambulações solitárias, dos meus pensamentos mais profundos.
Lembro-me da definição -" instante irrepetivel "- e liberto-me das definições impostas, tentando encontrar uma que se adapte a mim.
Temos tantas filosofias dentro de nós que nos é impossivel descobrir qual a que se adequa mais à situação permente, resta-nos a intuição mas essa não nos dá certezas, e libertarmo-nos dessa habituação de ter uma resposta cientificamente provada para tudo é algo quase impossivel.
Li ontem um livro do Paulo Coelho - "manual do guerreiro da luz" - escrito parece tudo tão fácil, é só seguir meia dúzia de frases e encontraremos o sentido da vida, o caminho, a luz ao fundo do túnel... mas acordei hoje e por em prática tal façanha é utópico - como toda a minha vida até ao momento - e descubro que são apenas filosofias novamente.
Resta-me apenas a intuição, apoiada em bases, nem sempre muito firmes, da velha filosofia e da experiencia vivida na primeira pessoa...
Resta-me então libertar-me da habituação e habituar-me a não me habituar! (passo a redundância)

escrito por Rogério Junior às 16:28.


sábado, outubro 01, 2005


Transcrevendo

Se formos deitando cá para fora o que, inconscientemente, ao longo do tempo tiver ficado retido no corpo - por medo, vergonha, falta de coragem ou seja o que for -, podemos descobrir como a solução para os nossos problemas já existe dentro de nós.
Maria José Costa Félix ( Público - XIS )

escrito por Rogério Junior às 21:09.



Lembrei-me agora...

"A arte de vencer aprende-se nas derrotas" - Simon Bolivar

Li esta frase onde leio tantas outras, nos pacotes de açucar que acompanham o meu primeiro café todas as manhãs.
É o meu primeiro momento de reflexão do dia - em dias normais - e deixa-me a mente sempre entretida durante a viagem para o trabalho. Nunca lhes costumo dar muita importância, o pensamento desenvolve-se e já nem me apercebo que a semente foi a frase...

Já me aconteceu a frase vir ao encontro do meu pensamento e a partir desta encontrar uma pseudo-solução...

Coincidência? Não acredito em coincidências!

A ver se um dia destes o dito pacotinho de açucar me diz como é que devo ser Feliz. E se resultar começo a acreditar em coincidências, em destinos traçados, em realidades paralelas... o que me ocorrer....

Enquanto isso... continuo à procura...

E termino com mais uma - "Nos momentos de crise só a inspiração é mais importante que o conhecimento" (não me lembro de quem é)

Ahh! Bem ditos pacotes!

escrito por Rogério Junior às 19:15.


Sobre mim

Tenho 21 anos. Escrevo por gosto e por necessidade. Acredito nos sonhos e tenho alguns. Sou apaixonado pela Vida e pela Arte. Já escrevi poemas, canções e algumas palavras presas. Escrevo momentos. Alguns em delirio. Nunca editei um livro.

Outros devaneios

Rogério Junior . com

Momentos que leio

Alcomicos Anónimos
Anjos Caídos
Alguém
Algures Aqui
Apenas mais um
A Voz
Blogue Aberto
Charquinho
Cromossomas Lendários
Despreocupadamente
É a cultura, estúpido
Estado Civil
Fábrica dos Sonhos
If only you knew...
Intimidade Indecente
Intimidades
Lua de Inverno
Mais cidade que sexo
Muito à frente
O Fugas
O meu refúgio
Pedacinhos de Estrelas
Pedaços de Papel
Rascunhos (gritos mudos)
Rasga-me as palavras
Salada de Letras com Maionese
Será o Amor impossivel?
Tudo o Que Tenho Em Mim
Um dia de cada vez
Um Rumo
Urso Maior
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