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domingo, julho 02, 2006 O fim dilui-se? Num rasgo desconsertante abre-se uma saudade de tempos idos, de pedaços inconsistentes de uma tenra melancolia que teimo em deixar implodir para não libertar pequenas explosões devastadoras. Sâo instantes dementes e pensamentos recorrentes que acendem uma fogueira nunca extinta, os ciclos que se fecham num mundo achatado que tende para o redondo... Não vicioso, nunca vicioso, mas redondo. E as palavras... teimam em ordenar-se sorrateiramente em frases e parágrafos dormentes, deixam cair a sombra dos caracteres e o som das entrelinhas para serem apenas palavras, e mais que palavras são amigas, sempre presentes... Ahh as palavras, sempre as palavras... E terminadas estas o fim volta já a seguir. Digamos que isto não existe. escrito por Rogério Junior às 17:44. segunda-feira, fevereiro 06, 2006 Fim. Há palavras que pedem para não ser encadeadas, para não formar frases. A força do que tentei transmitir expôs-me diversas vezes. Fi-lo espontaneamente, e voltaria a fazê-lo sempre que a (in)consciência me pedisse. Foram pedaços de arte que passei, foram momentos banais, foram palavras com sentimentos, foram sentimentos com palavras. Lá bem no fundo foram apenas pedaços de mim. Não me importei, nunca, com quem me lia, não me importo hoje. Voltaria a escrevê-los. Todos. Da mesma forma. Sempre que sentisse as palavras presas. Sempre. Sinto prazer em escrever, e encontrei no Momento(s)em Delirio a fuga perfeita para a civilização que me sufoca. Não deixo de me sentir sufocado. Mas hoje vou deixar cair este pedacinho do meu mundo... vou deixar cair... Obrigado a ti que me leste, que enxugaste uma lágrima e agarraste um sorriso, mesmo sem te aperceberes. Estarei sempre por aí... escrevendo delirios, passos, quedas, pessoas, momentos... procurando o fim do arco-iris... Fim. Há momentos que ficam para sempre, para o meu sempre. escrito por Rogério Junior às 19:29. domingo, fevereiro 05, 2006 devaneios reais... Parei por instantes num banco de jardim. os meus companheiros de tarde têm mais do triplo da minha idade, chegaram a um patamar da vida em que não esperam nada. Sentam-se no banco do jardim e ficam parados a olhar a estrada e a outra berma. Deixa-me tentar mostrar-te em palavras o ambiente. Acreditas que as palavras criam imagens? Tenta acreditar. O banco é castanho e gélido. O sol bate-lhe mas a madeira quase não aquece. os corpos postrados e encasacados não se movem. Ninguém passa. Quem está deixa-se ficar. A estrada é estreita e de pouco movimento. Como nas aldeias, sabes como é? Um carro aqui, outro mais além. A vista não se prende nesse escasso movimento. Não é suficiente. O banco castanho e gélido virado para a estrada tem outro motivo, e esse é cruel. Talvez demais. Do outro lado só existe uma casa. A casa é triste e não está pintada. Porque é que é triste? Espera! Deixa-me mostrar-te a casa. Já te disse que não tem cor? Também tem um jardim com duas árvores, daquelas que estão sempre verdes sem precisarem de muitos cuidados. As pessoas que lá habitam não têm muito tempo livre. Pelo menos para o jardim. As vedações são altas e pouco mostram do mundo para além delas. Não são necessárias mas são regras. É uma casa virada para a estrada. E para um banco de jardim, castanho e gélido. Os meus companheiros de tarde olham com sofrimento para ela. Dariam tudo para não atravessar a estrada, dizem-mo com o olhar. Como os compreendo bem. Deste lado a vida é sempre igual, diz-me um velhote bem vestido que está sentado ao meu lado, mas do outro... não há vida. São corpos que permanecem, que saem e entram sem alma, sem um motivo para continuarem para o amanhã. Mas desculpa, estava a descrever-te a casa. É que às vezes perco-me. Já te disse que a casa não tem cor? É um bloco de cimento ladeado de estradas quase desertas, e do lado de dentro da alta vedação não se vê mais que o nada. Por esta altura já deves ter uma idéia da casa que te falo. Lembras-te de te dizer que o meu companheiro estava bem vestido? É um facto. Eu achei estranho. Não achaste? Pois bem, é simples e ele diz-me o porquê em poucas palavras. O ritual do banco do jardim é rotineiro, todos os dias desde que não chova ele está lá. Sentado. Sem esperar nada nem ninguém. Mas é como completa os dias todos. Por isso se veste bem, porque é o único destino que tem na vida que lhe resta. Embora bastante abatido não o transmite para quem passa. E isso dá-lhe um certo conforto, as pessoas passam indiferentes e não vêm um vagabundo, nem um abandonado. Vêem sim uma pessoa. Uma simples pessoa que parou por instantes para descansar num banco de jardim. Castanho e gélido. Engana-os a todos. Conhecidos e desconhecidos. Fala de futebol e do tempo se lhe fazem perguntas, e depois volta ao silêncio. Porque não tem mais nada. Apenas um olhar triste e vazio para a outra margem. Para a estrada. Para a passadeira. Para a casa. Já te disse que do outro lado há uma casa sem cor? E disse-te que essa casa tem uma placa com letras garrafais que diz "Lar"? Acho que me tinha esquecido. Talvez agora compreendas porque é que o meu companheiro e os demais não querem atravessar a estrada. Conseguiste ver o meu companheiro, a estrada, a casa e o banco, castanho e gélido? Eu levantei-me agora dele. Voltarei a sentar-me lá para fazer companhia ao meu companheiro. Fazes-me companhia? escrito por Rogério Junior às 17:53. arte? ![]() Uma alma não se capta. Por pouco. Um olhar não se capta. Por pouco. Capta-se um instante. Cria-se uma memória colectiva de um momento. Capta-se um brilho especial que roça o infinito. Cria-se mais um pouco de arte? Sim, porque não?! escrito por Rogério Junior às 17:05. sábado, fevereiro 04, 2006 sem som... Why don't you stay I feel lucky today Give me a change And i'll show you the way Oh! let me hold your hand Please, let your heart beat again you know i day dream of you I'm so in love It's too good to be true You make me smile As i look in your eyes My heart is full Like my very fist time It's like i was born again I just can't say How happy i am Oh! let me hold your hand Please, let your heart beat again... Rodrigo Leão escrito por Rogério Junior às 19:00. pedaços... "Não é solidão que faz um homem sozinho, é a paz na dor que sei de cor..." (Abrunhosa) escrito por Rogério Junior às 14:32. mais um sábado... Hoje acordei com as estrelas a olhar para mim, privilégio de um céu privado pintado a quatro mãos, o dia já ía longo e fui procurar o Sol enquanto as estrelas não brilhavam. Nem sempre o meu céu é esplendoroso. Turbilhões de pensamentos isolam-me do mundo. Atravesso a rua, o caminho é sempre o mesmo - Um café e cigarros - já não preciso pedir. As caras são sempre as mesmas, os cheiros nauseabundos iguais a ontem e a amanhã. Perco-me por minutos encostado a uma parede qualquer, procurando num céu público essa estrela magnifica que aquece. Tempo perdido sem noção. Agora nada me aquece. Lembro-me de ti e esqueço-me que para relembrar é preciso ter esquecido. Não esqueci. Apanho forças numa qualquer folha caida para voltar a casa. Deserta. Sempre deserta. As chaves na mesa fazem sempre o mesmo som, a porta que se fecha e me encerra entre paredes cuidadosamente caíadas, tudo no seu devido lugar confunde-me. Os corredores brancos não me transmitem paz, acordei com um frio gélido em mim. A cabeça que lateja e os dedos amarelos do fumo, vitimas vulgares de uma noite atribulada. Recosto-me num sofá que me parece mais macio, mera ilusão que se desfaz. Hoje nada me satisfaz. Perco e reencontro os sentidos sem sonhar. É nos momentos que paro que me apetece fugir. Por trás de um sonho há sempre um pé no chão. Não me deixo voar. Mais um cigarro que se acende libertando um fumo espesso que não me esconde. Hoje há algo que me ultrapassa. O sol que já se foi. Os corredores que ficaram. Brancos. Frios. Agora nada me aquece. escrito por Rogério Junior às 13:19. quinta-feira, fevereiro 02, 2006 musica? "Durante vários anos os REM não incluíam nas embalagens dos discos as letras das canções, ao contrário do que era quase uma norma instituída. Um dia perguntaram a Michael Stipe as razões dessa omissão: as pessoas, não percebendo todas as palavras, encontravam outras para as substituir, preenchendo os "buracos" das canções com um sentido pessoal que podia não ter nada a ver com o que a letra exacta dizia. E mais, conhecia casos de gente que tinha ficado decepcionada quando tomava contacto com a versão correcta das lyrics de determinada canção: "gostavam mais da canção tal como a imaginavam do que como ela, de facto, era"." Luis Miguel Oliveira in As Aranhas Porque a música não é apenas composta de versos que se decoram, é feita de sons que idealizamos, de sentimentos que cantarolamos. Se não sentirmos a música como algo nosso, nunca gostamos verdadeiramente dela, apenas a transcrevemos com a nossa própria voz... Confesso que não era sobre isto que eu ia escrever, mas também tinha sons.momentos.sentimentos.sabores.etc.etc.etc.etc.... tem de servir a análise da música. escrito por Rogério Junior às 20:56. Transcrevendo (parte XIV) "Ler um livro é como ter um orgasmo. É um momento de esquecimento da vida, mera farsa da consciência, perdida no seus próprios caminhos; e um reencontro connosco. É nos livros, nos orgasmos e nos restantes gestos desprovidos de consciência que se encontra a verdadeira essência da existência." Lígia Mendes in despreocupadamente.blogspot.com escrito por Rogério Junior às 14:55. quarta-feira, fevereiro 01, 2006 3 - 2 Este cantinho fez no passado dia 30 três mesitos de existência... tenrinho ainda... os parabéns aos meus cinco fiéis leitores que ainda acompanham os meus devaneios... Parabéns ao Despreocupadamente (despreocupadamente.blogspot.com) pelos seus dois meses (estranhamente também no dia 30)! Escritas geniais e despreocupadas é por lá, graças ao fantástico G8. escrito por Rogério Junior às 01:33. terça-feira, janeiro 31, 2006 mais que tudo... Os pensamentos que me invadem catapultam palavras. Elas não saem. Os dedos negam-se. Obrigado por me escutares apesar de todos os problemas que tens. Obrigado por parares e pensares um bocadinho por mim. Faz-me respirar. Eu estarei sempre aqui. Sempre que quiseres. Sempre que precisares. Sempre que eu achar que tu precisas. Se um dia não te ouvir chama-me à razão. Obrigado C. Obrigado D. Põe-me o braço no ombro Eu preciso de alguém Dou-me com toda a gente Não me dou a ninguém Frágil Sinto-me frágil Faz-me um sinal qualquer Se me vires falar demais Eu às vezes embarco Em conversas banais Frágil Sinto-me frágil Frágil Esta noite estou tão frágil Frágil Já nem consigo ser ágil Está a saber-me mal Este Whisky de malte Adorava estar "in" Mas estou-me a sentir "out" Frágil Sinto-me frágil Acompanha-me a casa Já não aguento mais Deposita na cama Os meus restos mortais Frágil Sinto-me frágil Frágil Esta noite estou tão frágil Frágil Já nem consigo ser ágil Palma escrito por Rogério Junior às 23:39. domingo, janeiro 29, 2006 Palavras Presas "Deixa-me dar-te umas asas e mostrar-te o mundo aqui do cimo, vamos contemplar os telhados e as grande muralhas. Vamos aterrar num qualquer ramo verde e cair, para termos o prazer de nos levantar, descobrir um sorriso mais verdadeiro, brilhante da lágrima que escorre da dor... pouca, pouquinha, mesmo nada... Percorrer as avenidas sem sentido e encontrar a pequena felicidade de ver uma flor a desabrochar, a folha a cair, o pássaro a nascer... Sonhos utópicos que julgo não ter... deixa-me colocar os pés no chão e oferecer-te uma cidade cinzenta onde as aves já não moram, onde o fumo mata as poucas flores que existem, deixa-me mostrar-te um teatro em ruinas e um monumento sem sentido. Vamos inspirar esse odor que nos persegue, vamos ser mais umas vitimas da civilização sem sentido, sem pudor..." JR in Palavras Presas escrito por Rogério Junior às 17:05. palavras / silêncios Conheço palavras. Palavras que alegram. Palavras que choram. Palavras que duram. Palavras com sabor. Palavras intemporais. Palavras que amam. Palavras que doem. Palavras com som. Palavras que gritam. Palavras com sabor. Palavras que ferem. Escrevo palavras em catadupa, conforme saem, conjugadas ou sem nexo, formando frases encadeadas, criando metáforas e alguns planasmos. Não são apenas palavras, são sentimentos escritos, ou transcritos. São tantas vezes pedaços de mim. E tantas vezes deixo de as escrever, ou de as dizer. Dou um espaço ao silêncio. Faço dele um ponto final ou mais uma virgula, e deixo que tenha sabor, cor e som. Em surdina. E esse silêncio trás tantas vezes um vazio que se apodera de mim em momentos fugazes que tento apaziguar de uma forma cruel. Não consigo. E nesse silêncio intemporal que me corroi desaprendo de falar, de saber estar, de lutar... deixo-me ficar... conheço palavras e silêncios... as palavras ferem... mas é o silêncio que mata. escrito por Rogério Junior às 16:39. sexta-feira, janeiro 27, 2006 Fome de mais! sempre o mesmo gesto sempre o mesmo olhar sempre os mesmos passos sempre o mesmo não estar sempre o mesmo estado sempre o mesmo perder sempre o mesmo lado sempre o mesmo dizer sempre estar em grande sempre o mundo a topar sempre os mesmos corpos tudo a rastejar sempre a mesma estrada sempre o mesmo nada sempre os mesmos rastos sempre os camaleões sempre o mesmo fumo sempre as ocasiões sempre o mesmo encontrar pensar deixar pra trás talvez amanhã pense outra vez sempre a mesma noite sempre o mesmo estar bem sempre o mesmo engate sempre o mesmo ninguém sempre a mesma falta de cor e de humor para parar e gritar... ahhh tenho fome de mais ahhh quero fome de mais sempre as mesmas vozes sempre as mesmas canções sempre o mesmo filme sempre as mesmas razões sempre as mesmas armas sempre o mesmo esquivar sempre o mesmo jogo sempre o nunca lutar sempre as mesmas flores sempre o mesmo jardim sempre as mesmas roupas a cheirar a jasmim sempre a mesma calma sempre o mesmo hoje não sempre falta de luz e os pés no chão sempre o mesmo tecto sempre o mesmo medo sempre o mesmo não ser sempre o mesmo padecer só cheiro o mundo a andar pra trás e sempre a mesma gente a ficar pra trás quee aparecem e acontecem esquecem que no fundo ninguém sabe o que faz ahh tenho fome de mais ahh quero fome de mais fome de mais... sempre a mesma vida encalhada nesse sempre Toranja escrito por Rogério Junior às 11:10. sempre o Pessoa “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” Fernando Pessoa escrito por Rogério Junior às 10:52. 41 Parabéns. São 41. São reais. Em jeito de homenagem cá te escrevo. Talvez um dia me leias. Porque não hoje? São quarenta e um, deixa-me lembrar-te com orgulho. Bem vividos, sofridos mas verdadeiros. São tempos dificeis que se vivem agora, mas de tempos dificeis dás-me uma lição, e ainda sorris com aquele sorriso de quem tem muito para contar. Espero um dia ouvir. Há anos da tua existência que não conheço, apenas pedaços, apenas o que se deve recordar para um dia contar aos netos. Outros tempos, uma outra vida. Paixão. Amor. Lágrimas. Destinos que se cruzam e estórias que se vivem. Fica o que fica, o que vai foi, vale sempre a pena quando a alma não é pequena diz o velho poeta com bastante razão. Hoje comemora-se. 41. E com eles três rebentos e muito amor. Não sentes orgulho em ti? Confesso-te que não há muita gente com a garra que tu tens, mas isso já tu sabes mas disfarças como se o que fizesses não fosse mais do que o indispensável, completamente banal. Não o é. Talvez não tenhas a noção, então digo-te. Indispensável és tu. Parabéns. Este dia é teu! escrito por Rogério Junior às 06:35. quarta-feira, janeiro 25, 2006 Dá-me Dá-me algo mais que silêncio ou doçura Algo que tenhas e não saibas Não quero dádivas raras Dá-me uma pedra Não fiques imóvel fitando-me como se quisesses dizer que há muitas coisas mudas ocultas no que se diz Dá-me algo lento e fino como uma faca nas costas E se nada tens para dar-me dá-me tudo o que te falta! Carlos Edmundo de Ory escrito por Rogério Junior às 17:17. constatações de um (des)ocupado! Navegava nesta imensa rede em busca de literatura ligeira, que não se confunda com light, e entre um blog e outro lá se encontra alguma coisa interessante para ler, estórias libertas, escritas em delirioe outras tantas pérolas de uma escrita Sec. XXI. Ao fim de algumas horas já naveguei por meia blogosfera portuguesa e já descobri cantinhos de gente conhecida, de verdadeiros escritores, e acabo por me reclinar na cadeira e recordar a já famosa frase "Portugal é muito pequeno", acabo por constatar que a blogosfera também, e que entre um link e outro há alguém conhecido, do meu dia-a-dia, do trabalho, do grupo de amigos... o mundo é pequeno seja virtual ou real, mas completamente surpreendente... escrito por Rogério Junior às 16:41. pequenos devaneios II e temos a real noção que vamos bater numa qualquer parede imaginária e cair, e que vai doer, mas procuramos nessa mesma parede uma porta aberta por onde se possa passar... e é essa porta que nos afasta da parede, que nos faz lutar ao ritmo do bater do coração... escrito por Rogério Junior às 13:45. pequenos devaneios Há momentos que se gravam para um todo sempre na nossa memória, lembramo-nos deles como um filme com sabor... e são muitas vezes esses mesmos momentos que nos fazem levantar dia após dia, que nos fazem respirar... escrito por Rogério Junior às 13:41. segunda-feira, janeiro 23, 2006 Ciclo escrito por Rogério Junior às 16:45. Transcrevendo (parte XIII) Não precisamos de ler, estudar ou conhecer ninguém, quando produzimos nós próprios. Pois não basta que produzamos nós próprios? E gostemos de nós próprios? Que nos pode dar o espírito alheio, quando sobre o próprio nosso desceu em línguas de fogo a sabedoria de tudo? Melhor: A verdade é que nem precisamos nós próprios de produzir (toda a produção é uma limitação), ou mal precisamos de produzir, para usufruirmos as vantagens do criador e produtor. (...) Aprende a contar uma anedota; duas anedotas; três anedotas; quatro anedotas... uma anedota diverte muita gente; quatro anedotas divertem muito mais... aprende a polvilhar de blague todas essas ideias sérias, pesadas, profundas, obscuras, - ao cabo simplesmente maçadoras - com que pretendes sufocar (...); aprende a cultivar aquele subtil espírito de futilidade que ligeiramente embriaga como um champanhe, e a toda a gente agrada, lisonjeia todos, por a todos nos dar a reconfortante impressão de pertencermos ao mesmo meio... estarmos ao mesmo nível; não queiras ser nem sobretudo sejas mais inteligente ou mais sensível, mais honesto ou mais sincero, mais trabalhador ou mais culto, mais profundo ou mais agudo... numa palavra: superior. Sim, homem! aprende a ser como os outros, dizendo bem ou mal de tudo e todos - conforme - sem os excederes nem te comprometeres demasiado; e deixa-me lá esses Proustes e esses Gides e esses Dostoievskis e esses Tolstois (vem aí o tempo em que todos esses jarrões serão levados para o sótão!), deixa-me essa estética e essa mística e essa metafísica e essa ética (já o tempo chegou de se ver a inutilidade e o ridículo dessa pretensiosa decoração), deixa-me lá esses estrangeiros, e essas estrangeirices. José Régio, in 'Presença, Folha de Arte e Crítica, 1927-1940' escrito por Rogério Junior às 15:26. organização, agendas, empregos... Nunca me consegui organizar, raras vezes tentei, mas mesmo nesses escassos momentos de lucidez nunca o consegui. Com o passar dos anos a vida tem-se complicado, cada vez uns dias mais preenchidos, que a pseudo-independência traz muitas dependências. Estou sempre rodeado de um caos saudável e controlado que deixa os demais com pilhas de nervos. Nunca consigo explicar onde está isto ou aquilo, a desarrumação assusta qualquer um. Por diversas vezes tentei comprar uma agenda, que embora seja uma pessoa adepta das novas tecnologias nunca me adaptei ao calendário electrónico, um vulgo caderno com os dias arrumadinhos e por ordem, com espaço suficiente para escrever o que tenho de fazer durante o dia, com planeamentos mensais, semanais e mensais, mas essa compra tem sempre um karma estranho no meu ciclo diário, para além de acabar com o meu caos (penso eu), cada vez que tento comprar esse simples caderno surgem-me propostas de emprego novas. Estranho mas verdade. Aconteceu-me três vezes, e como não acredito em coincidências, acho bastante bizarro. Nestas férias laborais ainda não tinha pensado em comprar uma agenda confesso. Mas aquando de uma visita às instalações laborais (as saudades...) deparei-me com um caderninho desses em cima da minha secretária... Oferecido, sem remetente, sem destinatário, apenas ali... e com os desenvolvimentos que estas férias me trouxeram não sei se fique triste ou contente... "Ele há coisas"... escrito por Rogério Junior às 15:20. domingo, janeiro 22, 2006 dias... Foi ontem. Um fim de tarde com um por-do-sol magnifico, em tons de laranja e azul, contrastando com um mar que já não via há imenso tempo... As saudades dos tempos de verão, o cheiro a areia molhada e o som das ondas a bater nos rochedos vieram à tona. Lembranças de pessoas, lugares e sabores acompanharam essas saudades e dançaram diante mim uma valsa desconcertada, por pouco tempo deixei-me embalar nesse momento que juntava dois tempos distintos. Lembrei-me de o eternizar em forma de fotografia mas ao pousar a mão na areia humida não encontrei nenhuma outra que a agarrasse... não a fotografei. E estou de volta a este refúgio que me tem feito falta... as idéias palpitam... as palavras ecoam... escrito por Rogério Junior às 23:52. quinta-feira, janeiro 19, 2006 As voltas que a vida dá escrito por Rogério Junior às 18:23. quarta-feira, janeiro 18, 2006 Aproveitei ... que o dia hoje não estava especialmente produtivo e em vez de andar a navegar sem rumo transformei um bocadinho o aspecto deste cantinho... espero que gostem! escrito por Rogério Junior às 22:27. terça-feira, janeiro 17, 2006 Transcrevendo (parte XII) "Somos pequeninos, e gostamos disso. É assim que somos. Cada um de nós vive numa bolha Actimel que lhe sacode o "próximo" dos ombros. Pouco nos acorda se está alguém caído no chão, ou se estamos a 15 km/h, de charuto lambido na boca, a conduzir o nosso Jacuzzi numa faixa única de rodagem. Nada. Temos a boa educação a espreguiçar-se no bolso de trás das calças. Temos medo de quem vive nesta betoneira de indiferença que é o povo português. Medo que o civismo e a simpatia nos cause febre alta e nos leve Vick ao peito.Medo dos outros "nós". Bem sei que o tabaco mata, mas a falta de educação mói. Muito. Gabamo-nos das excepções. "Hoje um senhor foi muito simpático comigo, até me ajudou a levantar depois de me ter dado com a testa num poste". E estoiramos. Fazemos disso um fogo de artificio a ser mastigado num jantar pós-laboral. Somos pequeninos, mas é por dentro. Nas nossas cabeças. Tornámo-nos bestas de cimento, bem cinzentas e frias, com suores que alguém nos fale na rua e nos obrigue a mostrar mais do que o cieiro. Somos demasiado importantes para quem carece de importância. Temos mais do que fazer. Não ganhamos nada com isso. Se fossem quadradinhos de queijo, ou um sumo novo de maçã e canela a ser oferecido numa mesinha ajeitada de um qualquer supermercado, aí tinhamos um ajuntamento digno de cordão policial. Acotovelavam-se caras para saciar uma sede que nunca tinha nascido. Gostamos muito de coisas dadas. Não porque gostemos ou nos faça falta, mas porque... são dadas. Se dessem frasquinhos da Vista Alegre com gotinhas de Hepatite C, estávamos lá batidos. Faz-nos crescer 5 cm e levantar o queixo do chão. O saber estar e respeitar, esse, já dói dois palmos acima dos rins. Já lateja quando muda o tempo. É melhor não mexer, que alguém há-de arranjar. Somos pequeninos, e julgamo-nos em tripés.E não me venham com merdas que é a crise. Conheço pessoas que vivem com 40 contos por mês (sim, na moeda antiga), e romperam a bolha Actimel. Todos temos os nossos problemas, doa a quem doer. Se repararem bem, ter civismo e boa educação, ainda não se paga. Há-de lá chegar, mas enquanto chega e não chega, aproveitem. Pode ser a melhor coisa que fazem por quem tropeçar nos vossos olhos. Para compensar tudo isto, tomamos medidas, e tornamo-nos irreverentes conformistas. Dos que arrepanham um estalo num lado da face e passam Nivea na outra, para preparar o que aí vier. E revoltamo-nos... mas por acabar o Nivea. Somos directos e fortes, mas nas mesas de café. Aí, mudamos o mundo. Elegemos presidentes, rasgamos as costas dos amigos, acendemos promessas de murros e contra-murros nas montras do "ai se fosse comigo...". Mas recolhida essa mesa, somos, uma vez mais, pequeninos. Engolimos tudo, fazemos a digestão e abraçamos o amigo das costas rasgadas. Mas fechamos os olhos, que a carne ainda está ali bem viva. Somos inertes. Queremos que o mundo mude, mas pela mão do outro, "que hoje não me ficava em caminho". Para a próxima passem Nivea e dêem a outra face, mas à vossa mão. E já agora, vasculhem o bolso de trás das calças. Acordem." Bruno Nogueira in corpodormente.blogspot.com escrito por Rogério Junior às 22:40. sábado, janeiro 14, 2006 Até já ![]() Gosto de escrever, de partilhar sentimentos e posições com palavras escritas, tenho a noção que não tenho o dom da escrita como Fernando Pessoa ou Paulo Coelho, mas mesmo assim persisto e insisto em escrever. Sinto-me bem por escrever e, confesso, raras são as vezes que me releio, prefiro ler os mestres e aprender sempre mais qualquer coisa... Mas é tempo de fazer uma pausa, sinto-o, não sei de quanto tempo cronológico, que esse é sempre diferente do meu tempo interior... Alimentarei este refúgio com os poemas, músicas e prosas dos mestres como vos habituei sempre que a ocasião assim o ditar... Até já! escrito por Rogério Junior às 19:16. um nada Pedaços de um nada composto, fugas de uma realidade absorvente num espaço desconcertante que não apraz, informações e outras transformações, palavras que ecoam e momentos que deslizam para dentro de nós. Desafios inatingiveis e um marasmo gritante que nos revolve e envolve. Demências controladas num tempo incontrolável... São apenas desabafos num minuto de silêncio... dourado. escrito por Rogério Junior às 14:45. sexta-feira, janeiro 13, 2006 13 É sexta-feira. É 13. Acabei a quinta a beber um copo sozinho, pensamentos profundos num vidro cada vez mais vazio. Comecei a sexta com uma lágrima a escorrer-me no rosto, misto de tantos sentimentos que as palavras não conseguem descrever. Quebrei uma promessa, fumo no quarto, enquanto escrevo. Voltarei a fazer a mesma promessa quando acabar mais este cigarro. Os 13 são especiais para mim, já o tinha dito, e enquanto escrevia esta linha o telefone tocava, o número era desconhecido e alguém desligou assim que ouviu a minha voz. Suficiente para quebrar a minha linha de raciocinio e deixar-me com o pensamento a mil... São ainda algumas as pessoas por quem me preocupo o suficiente para perder o sono... Em escassos minutos outra chamada... esta é conhecida e não deixa que atenda... desculpa mas não vou ligar, agora preciso do meu silêncio para me recompor... É sexta-feira. É 13. escrito por Rogério Junior às 12:11. Papá, tiveste, desde sempre, uma vida de aventura, sabias, e tantas vezes dizias, que não chegarias a velho, que nunca me permitirias que te tratasse como um inválido ou que sentisse pena de ti. Nunca o senti, disse-to uma só vez e bastou para que me acreditasses, ainda hoje tenho a mesma palavra, seria desonesto comigo mesmo se dissesse o contrário. Sinto um imenso orgulho em ti quando digo que largaste o teu país, a tua familia e tudo o resto para tentares um Amor que te preenchia. Procuraste o teu mundo onde te sentirias feliz, embora para ti não parecesse nadam tens a noção que quase ninguém é capaz de o fazer. Voltaste e provaste a toda a gente que estavas para o que desse, que tinhas conseguido mostrar até onde eras capaz de ir pelo que acreditavas, viveste, sobreviveste e mostraste ao mundo de que raça eras feito. Não tiveste muita sorte em outras escolhas, com uma inteligência tão sagaz e com um coração tão inocente acreditaste no que se chama hoje "homem bem vestido que te apresenta algo inédito", e mergulhaste num mundo para o qual não estavas preparado, escuro e sombrio, os chamados amigos desapareceram num ápice e para falares com o "bem vestido" tinhas de pagar... E o preço era alto demais. Estavas num mundo que não era o teu e tentaste emergir, da forma que te era possivel, nessa altura já eu era crescido o suficente para ter visto demais. Relembro dias que jurei esquecer, momentos de aflição que prometi não recordar, e tudo me ensinou a viver e a aprender que o mundo pode ser filho da puta quando menos se espera. Há momentos nossos que ninguém entenderá, tu conhece-los e eu também, e estejas onde estiveres sabes do que falo e certamente sorris. Mostraste-me conhecidos teus e com eles ensinaste-me o quão baixo alguém pode chegar por necessidade, mostraste-me os atalhos da vida e ensinaste-me a seguir no carreiro principal. Nem deixavas que se falasse nisso à minha frente, como se eu ainda fosse uma criança e não percebesse o tema da conversa. Agradeço-te por isso, e muito por ti sei até onde posso ir, qual o limite sem perigo de certas aventuras. Uma vida ao máximo tem de ser curta, sabias tão bem como eu, e os excessos é que nos estragam dizias-me algumas vezes. Não deixaste por isso de cometer excessos, de viver ao máximo, afinal tu não querias chegar a velho, nem que sentissem pena de ti... talvez por isso pintasses o cabelo quando os fios grisalhos teimavam a aparecer... Um dia hei-de contar a tua história, sem um final feliz como se contam nos livros, sem um velho sentado no jardim, sem sentido de pena mas com amor... Desculpa se nunca te escrevi assim, ou se nunca te disse em palavras seguidas tudo o que me ía na alma, mas nas nossas longas conversas de café, de casa, de uma esquina qualquer sempre soubeste o que pensava, que te adorava ouvir e sempre soube que gostavas de me escutar... "este é o meu filho, é meu sangue" dizias com orgulho a quem se aproximava... e eu sempre disse, e continuo a dizer com o mesmo orgulho... um dia hei-de contar a estória do meu Pai! Como diz algures... o que não nos mata torna-nos mais fortes... mas só o que não nos mata... Junior escrito por Rogério Junior às 12:01. quarta-feira, janeiro 11, 2006 boa música Esta música que aqui deixo em surdina está, no meu ver, simplesmente genial... A prova que ainda se faz boa música em PORTUGAL Toranja A Carta Não falei contigo com medo que os montes e vales que me achas caíssem a teus pés... Acredito e entendo que a estabilidade lógica de quem não quer explodir faça bem ao escudo que és... Saudade é o ar que vou sugando e aceitando como fruto de Verão nos jardins do teu beijo... Mas sinto que sabes que sentes também que num dia maior serás trapézio sem rede a pairar sobre o mundo e tudo o que vejo... É que hoje acordei e lembrei-me que sou mago feiticeiro Que a minha bola de cristal é folha de papel Nela te pinto nua numa chama minha e tua. Desconfio que ainda não reparaste que o teu destino foi inventado por gira-discos estragados aos quais te vais moldando... E todo o teu planeamento estratégico de sincronização do coração são leis como paredes e tetos cujos vidros vais pisando... Anseio o dia em que acordares por cima de todos os teus números raízes quadradas de somas subtraídas sempre com a mesma solução... Podias deixar de fazer da vida um ciclo vicioso harmonioso do teu gesto mimado e à palma da tua mão... É que hoje acordei e lembrei-me que sou mago feiticeiro e a minha bola de cristal é folha de papel Nela te pinto nua Numa chama minha e tua. Desculpa se te fiz fogo e noite sem pedir autorização por escrito ao sindicato dos Deuses... mas não fui eu que te escolhi. Desculpa se te usei como refúgio dos meus sentidos pedaço de silêncios perdidos que voltei a encontrar em ti... É que hoje acordei e lembrei-me Que sou mago feiticeiro... ...nela te pinto nua Numa chama minha e tua. escrito por Rogério Junior às 23:34. domingo, janeiro 08, 2006 Pérolas... "Eu lia nos olhos dele as milhares de vezes em que tinha imaginado este momento, os cenários que tinha construído em nosso redor, o cabelo que eu deveria estar a usar e a cor da minha roupa. Eu queria dizer "sim", que ele seria bem-vindo, que o meu coração tinha vencido a batalha. Eu queria dizer o quanto o amava, o quanto o desejava naquele momento. Mas continuei em silêncio. Assisti, como se fosse um sonho, à sua luta interior. Vi que tinha diante dele o meu "não", o medo de me perder, as palavras duras que ouviu em momentos semelhantes da sua vida - porque todos nós passámos por isso, e acumulamos cicatrizes. Os seus olhos começaram a brilhar. Sabia que ele estava a vencer todas aquelas barreiras. Então, soltei uma das mãos, peguei num copo e coloquei-o na borda da mesa. - Vai cair - disse ele. - Exacto. Quero que o derrubes. - Partir um copo? Sim, partir um copo. Um gesto aparentemente simples, mas que envolvia pavores que nunca chegaremos a perceber. O que há de errado em partir um copo barato - quando todos nós já o fizémos, sem querer, pelo menos uma vez na vida? - Partir um copo? - repetiu ele. - Porquê? - Posso dar algumas explicações - respondi. - Mas, na verdade, é apenas por partir. - Por ti? - Claro que não. Ele olhava para o copo de vidro na borda da mesa - preocupado com que caísse. "É um ritual de passagem, como tu mesmo dizes", tive vontade de dizer. "É o proibido. Copos não se partem de propósito. Quando entramos em restaurantes ou nas nossas casas, temos cuidado para que os copos não fiquem na borda das coisas. O nosso universo exige que tomemos cuidado para que os copos não caiam no chão." "No entanto", continuei a pensar, "quando os partimos sem querer, vemos que não foi tão grave assim. O empregado diz "não tem importância" e nunca na minha vida vi os copos partidos serem incluídos na conta de um restaurante. Partir copos faz parte da vida e não causamos nenhum dano a nós próprios, ao restaurante, ou ao próximo." Eu dei um empurrão à mesa. O copo balançou, mas não caiu. - Cuidado! - disse ele, instintivamente. - Parte o copo - insisti eu. "Parte o copo", pensava comigo mesma, "porque é um gesto simbólico. Procura entender que eu parti dentro de mim coisas muito mais importantes que um copo e estou feliz por isso. Olha para a tua própria luta interior e parte esse copo. "Porque, os nossos pais ensinaram-nos a ter cuidado com os copos e com os corpos. Ensinaram-nos que as paixões de infância são impossíveis, que não devemos afastar homens do sacerdócio, que as pessoas não fazem milagres e que ninguém vai em viagem sem saber por onde vai. "Parte esse copo, por favor - e liberta-nos de todos esses malditos conceitos, essa mania que se tem de se explicar tudo e só fazer aquilo que os outros aprovam". - Parte esse copo - pedi mais uma vez. Ele fixou os seus olhos nos meus. Depois, devagar, deslizou a sua mão pelo tampo da mesa, até tocá-lo. Num movimento rápido, empurrou-o para o chão. O barulho do vidro a quebrar-se chamou a atenção de todos. Ao invés de disfarçar o gesto com algum pedido de desculpas, ele olhava-me a sorrir - e eu sorria para ele. - Não tem importância - gritou o rapaz que atendia às mesas. Mas ele não ouviu. Tinha-se levantado, agarrara-me os cabelos e beijava-me." Paulo Coelho, Valquírias escrito por Rogério Junior às 22:59. Captador Aquiri um captador de instantes, porque as palavras nem sempre conseguem transmitir certos detalhes, e é uma forma de eternizar determinados momentos numa outra forma de arte... E, quem sabe, descubro um talento especial... ![]() escrito por Rogério Junior às 19:23. sexta-feira, janeiro 06, 2006 Dalai Lama escrito por Rogério Junior às 21:54. . Não queria escrever, tinha medo do que as palavras íam dizer. Procurei uma imagem que representasse o que não queria escrever, mas não encontrei, são alturas em que pensamos em explodir e acabamos por implodir de uma maneira estúpida. Fico em silêncio, talvez mais logo consiga explodir... talvez... escrito por Rogério Junior às 21:28. quarta-feira, janeiro 04, 2006 só Uma conversa que se inicía, um copo que se esvazia entre dois cigarros, um fim de tarde igual a tantos outros, os assuntos são diferentes, as pessoas vão ficando diferentes, e há alturas em que sentimos não ter nada, não ser ninguém... o mundo lá fora é gigante e movido a uma velocidade estonteante, assusta-nos e comove-nos... tentamos viver enquanto vamos apenas existindo... Acabo sempre por retirar algo destes instantes breves, e por vezes também me sinto triste com a realidade do meu pequeno mundo... Parado e atento à raiva do silêncio de um relógio partido e gasto pelo tempo estava um velho sentado no banco de um jardim a recordar fragmentos do passado na telefonia tocava uma velha canção e um jovem cantor falava da solidão que sabes tu do canto de estar só assim só e abandonado como o velho do jardim? o olhar triste e cansado procurando alguém e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver a imagem da solidão que irão viver quando forem como tu um velho sentado num jardim passam os dias e sentes que és um perdedor já não consegues saber o que tem ou não valor o teu caminho parece estar mesmo a chegar ao fim pra dares lugar a outro no teu banco do jardim o olhar triste e cansado procurando alguém e a gente passa ao seu lado a olhá-lo com desdém sabes eu acho que todos fogem de ti pra não ver a imagem da solidão que irão viver quando forem como tu um resto de tudo o que existiu quando forem como tu um velho sentado num jardim Mafalda Veiga escrito por Rogério Junior às 23:02. ... escrito por Rogério Junior às 08:38. segunda-feira, janeiro 02, 2006 textos intemporais... "Depois de algum tempo aprendes a diferenca, a subtil diferenca, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoiar-se e que companhia nem sempre significa segurança. E comecas a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começas a aceitar as derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. E aprendes a construir todas as tuas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos e o futuro tem o costume de cair no vazio.Depois de um tempo aprendes que o sol queima se ficares exposto por muito tempo. E aprendes que não importa o quanto te importas, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceitas que não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e precisas de perdoá-la por isso. Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás para o resto da vida. Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que tens na vida, mas quem tens na vida. E que os bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprendes que não temos que mudar de amigos se compreendermos que os amigos mudam. Percebes que o teu melhor amigo e tu podem fazer qualquer coisa, ou nada, e passarem bons momentos juntos. Descobres que as pessoas com quem te importas mais na vida são levadas de ao pé de ti muito depressa. Por isso, devemos sempre deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas - pode ser a última vez que as vejamos. Aprendes que as circunstâncias e os ambientes têm influencia sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Comecas a aprender que nao se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobres que se leva muito tempo para se transformar na pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprendes que não importa onde já chegaste, mas para onde estás a ir. Mas se não sabes para onde vais, qualquer lugar serve. Aprendes que, ou controlas os teus actos ou eles te controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa o quão delicada e frágil seja uma situacão, sempre existem dois lados. Aprendes que heróis sao pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências. Aprendes que paciência requer prática. Descobres que, algumas vezes, a pessoa que estas a espera que te pontapeie quando caísses, é uma das poucas que te ajudam a levantar. Aprendes que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que se aprendeu com elas, do que com quantos aniversários celebraste. Aprendes que há mais dos teus pais em ti do que supunhas. Aprendes que nunca se deve dizer a uma crianca que sonhos são parvoíces, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprendes que quando estás enraivecido tens o direito de assim estar, mas isso não te dá o direito de seres cruel. Descobres que, só porque alguém não te ama da maneira que gostarias que amasse, não significa que esse alguém não te ame com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como o demonstrar ou viver isso. Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes tens que aprender a te perdoares a ti mesmo. Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, serás, nalgum momento, condenado. Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que o consertes. Aprendes que o tempo não é algo que possa voltar atrás. Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperar que alguem te traga flores. E aprendes que realmente podes suportar... que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que tens valor diante da vida! " William Shakespeare escrito por Rogério Junior às 20:53. domingo, janeiro 01, 2006 2006 É bom começar o ano com o pé direito, segundo as supertições, pedir alguns desejos, brindar bastante, cumprimentar o mundo e desejar "Feliz Ano Novo" a todos. Assim foi. Sejamos por uns momentos um pouco egocentristas e deixemos de pensar, apenas por escassos segundos, na fome e na pobreza do mundo, nas vidas infelizes e nas desgraças alheias para pensarmos um pouco em nós, nos nossos objectivos permentes, na nossa vida actual, no nosso pequeno universo e na nossa aventura diária que é viver. Tentemos então utilizar uma teoria bastante antiga que é descrita sucintamente num "cliché: "Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio, e eu moverei o mundo” - Arquimedes. Basta pegar na mudança de ano como ponto de apoio, na nossa vontade como alavanca e mover... o nosso mundo... Que mais é necessário? A todos vós um Enorme Ano Novo!! escrito por Rogério Junior às 23:37. poema Para quem conhece a música saberá identificar o poeta, para quem não conhece, fica apenas o poema... I’m just the pieces of the man I used to be Too many bitter tears are raining down on me I’m far away from home And I’ve been facing this alone For much too long I feel like no-one ever told the truth to me About growing up and what a struggle it would be In my tangled state of mind I’ve been looking back to find Where I went wrong Too much love will kill you If you can’t make up your mind Torn between the lover And the love you leave behind You’re headed for disaster ’cos you never read the signs Too much love will kill you Every time I’m just the shadow of the man I used to be And it seems like there’s no way out of this for me I used to bring you sunshine Now all I ever do is bring you down How would it be if you were standing in my shoes Can’t you see that it’s impossible to choose No there’s no making sense of it Every way I go I’m bound to lose Too much love will kill you Just as sure as none at all It’ll drain the power that’s in you Make you plead and scream and crawl And the pain will make you crazy You’re the victim of your crime Too much love will kill you Every time Too much love will kill you It’ll make your life a lie Yes, too much love will kill you And you won’t understand why You’d give your life, you’d sell your soul But here it comes again Too much love will kill you In the end... In the end. escrito por Rogério Junior às 23:09. sexta-feira, dezembro 30, 2005 um pouco de céu... Só hoje senti que o rumo a seguir levava pra longe senti que este chão já não tinha espaço pra tudo o que foge não sei o motivo pra ir só sei que não posso ficar não sei o que vem a seguir mas quero procurar e hoje deixei de tentar erguer os planos de sempre aqueles que são pra outro amanhã que há-de ser diferente não quero levar o que dei talvez nem sequer o que é meu é que hoje parece bastar um pouco de céu um pouco de céu só hoje esperei já sem desespero que a noite caísse nenhuma palavra foi hoje diferente do que já se disse e há qualquer coisa a nascer bem dentro no fundo de mim e há uma força a vencer qualquer outro fim não quero levar o que dei talvez nem sequer o que é meu é que hoje parece bastar um pouco de céu Mafalda Veiga escrito por Rogério Junior às 22:20. 3 comemorações 1: E vão três meses de "Momentos em Delírio - Momento sem Delírio", textos escritos e transcritos, partilhas e sensações, lágrimas e sorrisos, instantes profundos e momentos inesqueciveis escritos e descritos com algum rigor, com um pouco de delirio e muita realidade... Durante esses três meses muita coisa mudou, dei-vos a palavra não só na caixinha de comentários mas também no "corpo" do blog. Esse convite continua feito, porque mais do que escrever gosto de ler. Transmiti poemas e com eles sensações, partilhei imagens e com elas emoções... Dei-vos um pouco de mim, fiz-me conhecer em algumas palavras... e sei que muitas vezes alguns de vós se identificaram com as palavras, porque a minha vida é feita por mim e por todos vós... Em jeito de comemoração vous deixo o meu mais sentido agradecimento... por existirem no meu mundo! 2: E por um acaso, quase coincidência este é o "escrito" numero 100... um marco que não imaginava chegar, pois conhecendo-me sabia que rápidamente iria chegar a um ponto em que desistia... Mas aconteceu-me o contrário... cada vez gosto mais deste cantinho, continuo a identificar-me com ele... e vão 100! Venham outros 100... 3: Num estilo editorial algo diferente e bastante mais light fez hoje um mês que nasceu o "Despreocupadamente"... os meus parabéns para esses oito despreocupados que mantém e criam a arte e a diferença nesse cantinho... escrito por Rogério Junior às 15:37. quinta-feira, dezembro 29, 2005 encontros... Uma mesa de café. Quatro amigos. Quatro copos cheios. Uma conversa. Já há muito que não se encontravam, os rumos são dispersos e os caminhos bem diferentes. Recordam momentos e programam outros tantos. Todos sabem que voltarão à sua vida e não seguirão nenhum dos momentos programados. Uma mesa de café. Quatro amigos. Quatro copos vazios. Quatro conversas paralelas. Cada um quer falar de si e ninguém consegue escutar, as estórias são mais de muitas para contar, os tempos idos e as peripécias da vida. Uma mesa de café. Quatro amigos. Quatro copos cheios. Uma conversa. Despedem-se com votos de um reencontro para breve. Todos mentem, sabem que esse breve vai demorar um ano. Uma mesa de café. Quatro cadeiras vazias. Quatro copos vazios. O silêncio instalou-se. escrito por Rogério Junior às 23:56. Ano novo Ano novo, Vida nova... diz o cliché já instalado em diversos espaços publicitários... É antiga a frase e talvez por isso não muito seguida nos dias que hoje correm... Pensando bem é só mais um dia que passa, não temos uma pausa profunda, nem um sono diferente... uma noite diferente e pouco mais. Este ano vou aproveitar-me do cliché para programar já de antemão algumas mudanças, mesmo correndo o risco de não as concretizar... Idéias tenho sempre, a força para as colocar em prática nem sempre... Lembrei-me de as escrever, de apontar numa agenda (esse livrinho fatidico que nunca consegui arranjar) e organizar-me... Talvez procure comprar uma brevemente... Não procuro uma Vida nova, é demasiadamente evidente que gosto da minha (e mudar de vida assim só na canção), mas mudar alguns dos pilares, alguns dos objectivos (encontrar alguns também) e chegar ao fim do ano a pensar que foi proveitoso... O futuro é feito do passado e nesta última semana tenho-me lembrado bastantes vezes dele, porque é nesta última semana do ano que faço o balanço... e, confesso, até há data é positivo... mas o mais importante de tudo é ser extenso, que viver sem teor não é viver é sobreviver... e o ano que agora termina foi, sem qualquer dúvida, bastante controverso... o que muito me apraz... Hoje regresso a cada mês que passou e ora largo uma lágrima, ora um sorriso... sinto-me bem! Feliz ano novo! escrito por Rogério Junior às 02:10. quarta-feira, dezembro 28, 2005 festas... Findaram-se as festas do natal, também conhecidas pelas festas da familia em que todos se juntam e partilham momentos, sentimentos e muita paz, em que todos estão felizes e contentes e aproveitam a ocasião para trocar algumas prendas, sempre escolhidas com imensa delicadeza e amor... ou será que é o contrário...que se findam agora as festas do consumismo exagerado e de um stress de últimas horas para comprar as prendas apressadamente para os familiares que afinal sempre aparecem para a noite de consoada. Nessa noite aproveita-se para contar um pouco do nosso dia a dia, já que a familia é o que menos interessa nos restantes dias do ano, e partilhamos assim um pouco de nós com as pessoas que deveriam ser, durante os restantes 364 dias, a nossa principal prioridade... Pela madrugada volta-se a casa, cheios de sacos, e com mais algumas recordações para guardar... Engana-se quem pensar que sou contra o natal ou as ocasiões festivas em familia, pelo contrário, o natal é sempre demasiadamente especial para mim, e talvez a única altura do ano em que a minha grande familia se junta toda e comemora, partilha a paz e verdadeiros sentimentos sem qualquer capa falsa... aprecio o natal por isso (talvez devido a esse facto compre sempre as prendas na última hora, porque realmente não é o mais importante...) Mas nem com o embalo do natal se chega á outra comemoraçao seguinte com o mesmo espirito (como é fugaz esse sentimento de partilha e paz) e abandona-se rapidamente a familia para nos juntarmos a uma multidão ensurcedora e comemorarmos sem qualquer preocupação a passagem para um novo ano... São festas tão próximas e tão diferentes... Que estranho mundo em que vivemos! escrito por Rogério Junior às 23:57. domingo, dezembro 25, 2005 Transcrevendo (parte XI) "Podemos morar numa casa mais ou menos, numa rua, mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos. Podemos dormir numa cama mais ou menos, comer um feijão mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigados a acreditar mais ou menos no futuro. Podemos olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos, tudo bem. O que nós não podemos mesmo, nunca, de maneira nenhuma, é amar mais ou menos, é sonhar mais ou menos, é ser amigo mais ou menos, é namorar mais ou menos, é ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos. Senão corremos o risco de nos tornar uma pessoa mais ou menos." Chico Xavier escrito por Rogério Junior às 18:25. Havia, Há e haverá! Havia uma cadeira vazia que não foi preenchida. Havia um prato que permaneceu limpo. Havia uma saudade que não foi apaziguada. Havia um desejo de te abraçar que ficará para sempre. Há um momento em que sorrio a pensar em ti. Há horas em que me contam as tuas aventuras. Há instantes em que me apetece contar algumas das nossas. Há imagens que me fazem chorar. Haverá amor por ti para todo o sempre. Haverá sempre um sorriso e uma lágrima por me lembrar de ti. Haverá sempre um pouco de ti em mim e um pouco de mim que está contigo. escrito por Rogério Junior às 18:16. O 5 de espadas "E a única vida que temos é essa que é divivda entre a verdadeira e a errada." - Pessoa Pensamos sempre que somos menos transparentes do que realmente somos, e acabamos por ficar felizes quando um Alguém descobre um pouco dessa nossa (não) transparencia e nos surpreende de uma forma tão natural que ficamos sem saber como reagir. Surpreendeste-me de uma forma leve e precisa, e eu aguardei essa mesma surpresa até há poucas horas, para saborear, para colocar a fasquia bem alta e não me desiludi, bem pelo contrário... Se costumo pensar para comigo que tu és uma pessoa muito especial, sempre camuflada numa capa espessa que raras vezes levantas para que se possa descobrir a tua real essência, hoje digo-o a quem me quiser ler... Um obrigado e um sorriso seria pouco, deixa-me brindar-te com algumas palavras também: Sentes que o corpo vence, Sentes o chão estreito, Dizes que o mundo não pára, Balança no teu peito. Sentes que as mãos são asas, Que tudo o resto é céu, Voas os olhos fechados, Num tempo que é só teu. E tudo à volta dá vontade de partir, De encontrar alguém Também pronto a fugir, Sair daqui. Em qualquer lugar É bom p’ra estar Longe do mundo, Em qualquer lugar É bom p´ra estar, P´ra fugir do fundo. Sentes que a noite acaba Perto da solidão, Vês o prazer dos outros E vais dizendo não. Sentes o vento na cara Como a primeira vez E ao tocares-te na pele Descobres quem tu és. E tudo à volta dá vontade de partir, De encontrar alguém Também pronto a fugir, Sair daqui. Abrunhosa escrito por Rogério Junior às 17:45. terça-feira, dezembro 20, 2005 Ary dos Santos A cidade é um chão de palavras pisadas A cidade é um chão de palavras pisadas a palavra criança a palavra segredo. A cidade é um céu de palavras paradas a palavra distância e a palavra medo. A cidade é um saco um pulmão que respira pela palavra água pela palavra brisa A cidade é um poro um corpo que transpira pela palavra sangue pela palavra ira. A cidade tem praças de palavras abertas como estátuas mandadas apear. A cidade tem ruas de palavras desertas como jardins mandados arrancar. A palavra sarcasmo é uma rosa rubra. A palavra silêncio é uma rosa chá. Não há céu de palavras que a cidade não cubra não há rua de sons que a palavra não corra à procura da sombra de uma luz que não há. José Carlos Ary dos Santos escrito por Rogério Junior às 23:01. domingo, dezembro 18, 2005 just words vida . perigo . pensamento . acção . palavra . passado . presente . futuro . silêncio . som . momento . tempo . amor . alma . vida . amargura . cura . espaço . força . sexo . delirio . refúgio . sonho . ódio . ilusão . sabor . sentimento . riso . movimento . promessa . mudança . esperança . noite . linha . nascente . suportar . solidão . olhar . vicio . simular . poder . parar . realidade . poema . morte escrito por Rogério Junior às 21:14. sábado, dezembro 17, 2005 ver ![]() Há dois tipos de cegos neste mundo, os invisuais, que procuram toda uma vida conseguir ver, um desejo que reprimem todos os dias e que mantêm secreto tentando transparecer um sorriso nos lábios e uma palavra sempre simpática como se estivessem satisfeitos com a realidade que têm. E os cegos que não querem ver, embora toda a luz esteja diante deles, recusam-se a ver o que mais claro é. Recusam-se a ver, no sentido metafórico claro, o presente tentando estar sempre um passo mais à frente e vendo só um suposto futuro que não existe nem que nunca existirá enquanto não o conseguirem conjugar no presente. É perda de tempo tentar olhar para um cristal, seja qual for a sua forma, e tentar ver o futuro promissor que esperam ter. O futuro é feito do presente do passado. E só a esse tempo que não tem instância é possivel prever alguma coisa, pois só nele nos encontramos, embora sempre com um pé para trás e outro para frente (por isso tantas teorias dizem que o presente não existe - não tem instância) é nele que temos de apostar. Podemos controlar quase tudo o que fazemos mas nunca o fazemos, somos escravos do que precisamos e tentamos insistemente prever o futuro e fazer os planos nesse tempo não definido. Desistimos de ver, tornamo-nos cegos pela nossa própria mente... conscientemente... Como se dizia... "Mais triste que um cego é o que não quer ver". escrito por Rogério Junior às 19:52. moralidade Cansei-me de andar sempre cheio de moral a dizer para as pessoas aproveitarem o tempo, para viverem o momento e que a vida não é assim tão má como se pinta. Para ser sincero não me cansei desses pseudo-conselhos que nunca são ouvidos. Do que me cansei realmente foi de estar sempre cheio de moralidades na terceira pessoa e não as executar na primeira. Muito embora nunca me tenham contra-argumentado com essa verdade eu sei a veracidade de tais factos, e moral na terceira pessoa é o que nós todos temos em demasia. Últimamente nem para essa moral me sinto capaz porque tenho a noção de que não sou um exemplo para ninguém. Felizmente que ainda tenho os neurónios suficientes para descobrir, por mim próprio, que para mudar essa situação basta-me querer e convencer-me a mim próprio os "valores" que tento incutir aos que me rodeiam. Faço muitas vezes contas do quando e do para quando, acabando sempre por ludibriar a minha consciência que grita vezes sem conta - para já - adoptando o pensamento de que é para amanhã ou para quando Jupiter estiver alinhado com a Lua ou qualquer coisa de que me lembre na altura, e como tenho a (in)felicidade de ter uma imaginação fértil consigo sempre adiar mais um pouco. Do único que tenho medo, ou pena, é que este momento que agora escrevo e interiorizo não passe de isso mesmo, de um momento, ou pior que seja um momento em delirio fruto de uma noite mal dormida e de uma manhã fria.. Mas a esperança de que assim não seja é mais forte do que esse pensamento que agora me corroi o espirito... e como me disseram um dia - "A Vida é feita de momentos", e esses momentos cabe-nos a nós prolongar o tempo suficiente para de que destes se possa construir algo... escrito por Rogério Junior às 13:36. |
Sobre mim Tenho 21 anos. Escrevo por gosto e por necessidade. Acredito nos sonhos e tenho alguns. Sou apaixonado pela Vida e pela Arte. Já escrevi poemas, canções e algumas palavras presas. Escrevo momentos. Alguns em delirio. Nunca editei um livro. Outros devaneios Momentos que leio
Alcomicos Anónimos Momentos anteriores
O fim dilui-se? Momentos de outros meses
setembro 2005 Diversos
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